Friday, June 29, 2012

Os Estados Unidos e a Síria: Fatos que você deveria conhecer


por Joyce Chediac para o GlobalReasearch. Traduzido por Vinícius C. para O Batalha de Ideias.

O cronograma a seguir analisa a progressão da intervenção dos EEUU-OTAN na Síria e neutraliza a Grande Mentira na mídia corporativa que visa preparar a agressão militar imperialista aberta contra o povo sírio.

● Washington tem canalizado dinheiro para um grupo de oposição de direita da Síria, pelo menos desde 2005. (Washington Post, 16 de abril de 2011)

● Os EEUU reabriram sua embaixada em Damasco em janeiro de 2011 depois de seis anos. Isso não era degelo nas relações. O novo embaixador, Robert S. Ford, que trabalhou até outubro de 2011, é um protegido de John Negroponte, que organizou os esquadrões da morte em El Salvador na década de 1970 e no Iraque, enquanto embaixador lá em 2004-05. Aqueles esquadrões da morte mataram dezenas de milhares. Ford serviu diretamente abaixo de Negroponte na Embaixada dos EEUU em Bagdá.

● Ford "desempenhou um papel central na definição das bases na Síria, bem como estabeleceu contatos com grupos da oposição". Dois meses depois de chegar a Damasco, a insurgência armada começou. (Global Research, 28 de maio)

● A oposição armada a Bashar al-Assad começou em março de 2011, em Daraa, uma pequena cidade na fronteira com a Jordânia. Movimentos de protesto em massa começam geralmente em grandes centros populacionais. Mais tarde, a Arábia Saudita admitiu o envio de armas para a oposição através da Jordânia. (RT, 13 de março)

● Os EEUU e seus aliados da OTAN usaram os protestos populares no Egito, Síria e em outros lugares como uma cobertura para construir o apoio para insurgências de direita cujo objetivo não era ajudar o povo sírio, mas trazer a Síria para o campo pró-imperialista. Quaisquer excessos ou erros por parte do governo Assad não eram o problema real.

● A Liga Árabe, União Europeia e os EEUU começam a imposição de sanções econômicas, uma forma de guerra, contra a Síria em novembro de 2011, sob o pretexto de parar a violência sancionada pelo Estado contra os manifestantes. A intensificação das sanções e o congelamento de ativos sírios fez com que o valor da libra síria caísse em 50 por cento contra o dólar, com o custo dos artigos de primeira necessidade muitas vezes triplicando.

● Os exilados que receberam financiamento dos EEUU tornaram-se parte do Conselho Nacional da Síria. Burhan Ghalioun do Conselho Nacional Sírio disse que iria abrir a Síria para o Ocidente, terminar o relacionamento estratégico do país com o Irã (e com a resistência libanesa e palestina), e realinhar a Síria com os regimes árabes reacionários do Golfo. (Wall Street Journal, 2 de dezembro de 2011)

EEUU e OTAN escalam seu envolvimento

● O ex-agente da CIA Philip Giraldi admitiu que os EEUU estavam envolvidos na Síria e expôs o plano dos EEUU: "A OTAN já está clandestinamente envolvida no conflito da Síria, com a Turquia à frente como ‘procuradora’ dos EEUU. O ministro das Relações Exteriores de Ancara, Ahmet Davitoglu, admitiu abertamente que seu país está preparado para invadir logo que haja um acordo entre os aliados ocidentais a fazê-lo. A intervenção seria baseada em princípios humanitários, para defender a população civil com base na "responsabilidade de proteger", doutrina que foi invocada para justificar a invasão à Líbia. "(Theamericanconservative.com, 19 de dezembro de 2011)

● Giraldi continuou: "Aviões de guerra sem identificação da OTAN estão chegando às bases militares turcas próximas ... à fronteira com a Síria, entregando as armas dos arsenais do falecido Muammar Gaddafi, bem como voluntários do Conselho Nacional de Transição da Líbia que tenham experiência em atiçar voluntários locais contra soldados treinados. ... Franceses e britânicos formadores das forças especiais estão no terreno, ajudando os rebeldes sírios enquanto os responsáveis por operações especiais da CIA e dos EEUU estão fornecendo equipamentos de comunicação e inteligência. ...

● "O frequentemente citado relatório das Nações Unidas que atesta que mais de 3.500 civis foram mortos por soldados de Assad é baseado principalmente em fontes rebeldes e não é confirmado. Da mesma forma, as contas das deserções em massa do Exército sírio e batalhas campais entre desertores e soldados leais parecem ser uma invenção, com poucas deserções confirmadas de forma independente. As alegações do governo sírio de que está sendo atacado por rebeldes armados, treinados e financiados por governos estrangeiros são mais verdadeiras do que falsas. "

● O "Exército Sírio Livre" tem bases de retaguarda na Turquia, é financiado pela Arábia Saudita e pelo Qatar, e é composto de soldados sírios desertores. Spiegel Online menciona uma fonte em Beirute que alega ter visto "'centenas de combatentes estrangeiros que se uniram para o ESL." (15 fev)

● A comissão de inquérito estabelecida pelas Nações Unidas, no seu relatório de fevereiro de 2012 documentou tortura, captura de reféns e execuções de membros armados da oposição.

● O primeiro combate pesado na capital da Síria, Damasco, iniciou em março. Dutos foram explodidos e grandes explosões destruíram edifícios de inteligência e de segurança em áreas cristãs a 16 de março, matando pelo menos 27 pessoas. O governo sírio expôs depois que as investidas terroristas apoiadas do exterior foram responsáveis ​​por oito ataques com carros-bomba desde dezembro, matando 328 e ferindo 657. Isso recebeu pouca atenção da mídia ocidental.

● A Human Rights Watch em 20 de março acusou opositores sírios armados de "seqüestros, uso de tortura e execuções ... de membros das forças de segurança, indivíduos identificados como membros de milícias apoiadas pelo governo e indivíduos identificados como aliados do governo e apoiadores."

● No bairro Amr Baba de Homs, a oposição armada formou suas próprias leis, tribunais e esquadrões da morte, segundo a Spiegel Online. Abu Rami, um comandante da oposição em Baba Amr, entrevistado pelo Spiegel, disseque na cidade de Homs seu grupo executou entre 200 e 250 pessoas. (29 de março)

Entra a ONU

● O ex-Secretário Geral da ONU Kofi Annan foi para a Síria em março a pedido da Liga Árabe e das Nações Unidas para montar uma proposta de paz. Mas Annan e a ONU não são imparciais. Annan é um dos arquitetos da doutrina "responsabilidade de proteger", citada pelo ex-agente da CIA Giraldi como pretexto para a intervenção planejada na Síria. A ONU aprovou esta doutrina no mandato de Annan.

● Em 2004, Annan deu a aprovação da ONU para a intervenção dos EEUU, França e Canadá que depôs o presidente do Haiti Jean-Bertrand Aristide. As razões expostas por Annan foram as mesmas então das colocadas agora na Síria: impedir uma suposta "catástrofe humanitária". Annan proporcionou uma cobertura da ONU similar para a França reforçar a sua presença colonial na Costa do Marfim em 2006. Na Síria, as solicitações de Annan para um cessar-fogo do governo sírio e para uma ajuda "humanitária" externa são realmente justificavas para uma intervenção estrangeira.

● A Síria concordou com o cessar-fogo mediado por Annan a 27 de março. A oposição recusou. Enquanto os chefes de Estado ocidentais e os meios de comunicação corporativos amontoados culpam Assad de "não honrar" o cessar-fogo, o Ocidente continuou armando a oposição.

● O que o governo dos EEUU realmente pensava do cessar-fogo foi revelado por Robert Grenier, ex-diretor de contra-terrorismo do CIA Center, que convidou aqueles que querem "ajudar" a Síria "para subirem metaforicamente no ringue e sujarem-se", acrescentando: "o que tal situação não precisa é de sentimentos nobres, mas ajuda eficaz e letal." (Al Jazeera, 29 de março)

● No momento em que os imperialistas "subiram no ringue", eles continuaram a culpar Assad. Falando numa reunião do grupo anti-Assad "Amigos da Síria" em Istambul, a 01 de abril, a secretária de Estado dos EEUU, Hillary Rodham Clinton, disse que Assad tinha "manchado" o cessar-fogo. Ela disse para Damasco, unilateralmente, parar de lutar e retirar-se das áreas de pesada infiltração direitista. Ela disse que os EEUU prometeram pelo menos US $ 25 milhões em ajuda "não letal" para a oposição síria, que inclui equipamentos de comunicação por satélite.

● Em maio, os reacionários "começaram a receber significativamente mais e melhores armas... pagas pelos países do Golfo Pérsico e coordenadas ... pelos EEUU" (Washington Post, 15 de maio) "Os rebeldes sírios receberam suas primeiras armas anti-tanques de "terceira geração". Elas foram fornecidas por agências de inteligência sauditas e catarianas depois de uma mensagem secreta do presidente Barack Obama. " (Debkafile.com, 22 de maio)

O massacre de Houla

● Logo antes de uma visita agendada para a Síria por Annan, surgiram notícias de um horrível massacre de 108 pessoas em Houla a 25 de maio, que incluía famílias inteiras e até 48 crianças. Manchetes em todo o mundo culparam o governo sírio e todas as capitais ocidentais reivindicaram a intensificação das sanções e mais pressão internacional sobre Assad.

● No dia 27 de maio, os imperialistas haviam coordenado a sua "indignação internacional" e expulsaram os diplomatas sírios dos EEUU, Holanda, Austrália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bulgária e Canadá.

● O Conselho de Segurança da ONU reagiu ao massacre por unanimidade - sem qualquer investigação a respeito de quem foi o responsável - condenando a Síria por supostamente usar tanques e artilharia depois de acordar um cessar-fogo. As declarações de que o governo Assad não era responsável foram ignoradas. Um olhar mais atento mostrou que era este o caso.

● Marat Musin, correspondente da ANNA News russa, estava em Houla e entrevistou testemunhas logo depois do massacre. Musin determinou que o massacre foi cometido pelo chamado Exército sírio livre e não pelas forças de Assad. O seu levantamento concluiu: "O ataque foi realizado por uma unidade de combatentes armados de Rastan, no qual mais de 700 homens armados estavam envolvidos. Eles mantiveram a cidade sob seu controle e começaram uma ação de limpeza contra famílias legalistas [pró-Assad], incluindo idosos, mulheres e crianças. Os mortos foram apresentados ... à ONU e à "comunidade internacional" como vítimas do exército sírio. "(31 de maio) O jornal conservador alemão, o Frankfurter Allgemeine Zeitung, corroborou o relato da ANNA no dia 7 de junho.

 ● Os moradores conheciam muitos dos assassinos pelo nome e identificaram-nos como elementos criminosos locais que trabalham agora para o ESL. (Síria News, 31 de maio) As forças anti-Assad então posaram como moradores e convidaram os observadores da ONU. Alguns puseram uniformes dos soldados sírios que haviam sido mortos e se apresentaram como desertores.

● Uma foto amplamente divulgada de dezenas de corpos envoltos, que a BBC apresentou primeiramente como um rescaldo de Houla, foi realmente tirada pelo fotógrafo Marco di Lauro no Iraque em março de 2003.

● O editor da BBC World News Jon Williams admitiu em seu blog a 07 de junho que não havia qualquer evidência que identificasse tanto o Exército sírio quanto as milícias alauitas como os autores do massacre de 25 de maio. O repórter sênior Alex Thomson do Canal 4 britânico disse a 7 de junho que a oposição o levou a uma linha de fogo e tentou tirá-lo de lá morto pelas forças militares sírias de modo a "ficar mal" para Assad.

● Não houve investigação independente sobre Houla até a data, ainda que numa reunião a 7 de junho, Annan e o atual secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, voltou a fazer declarações colocando a responsabilidade em Assad pelo massacre de Houla.

● O Major Geral Robert Mood, chefe da Missão de Supervisão da ONU na Síria, suspendeu patrulhas da equipe de 300 membros a 16 de junho, alegando uma "espiral de violência em áreas rebeldes." A suspensão ocorreu logo antes da Cúpula do G-20 no México, fornecendo outra oportunidade para o imperialismo criticar Assad.

● Em declarações iniciais, Annan chamou o massacre de Houla de "ponto de inflexão". As mortes em Houla têm sido utilizadas pelos EEUU e pela OTAN para a organização de uma derrubada de Assad mais agressiva e aberta. Autoridades norte-americanas e oficiais de inteligência árabes admitiram que a CIA está no sul da Turquia canalizando armas para o ESL. Ele também está lá para "fazer novas pesquisas e recrutar pessoas." (New York Times, 21 de junho)

● Como resultado, "as milícias outrora heterogêneas da oposição síria estão se transformando numa força de combate mais eficaz com a ajuda de uma rede cada vez mais sofisticada de ativistas aqui no sul da Turquia, que tem contrabandeado recursos cruciais pela fronteira, incluindo armas, equipamentos de comunicação, hospitais de campanha e até mesmo os salários dos soldados que desertaram. A rede reflete um esforço para forjar um movimento de oposição ... que pode não somente derrotar ... Assad, mas também substituir o seu governo. "(New York Times, 26 de junho)

Wednesday, June 27, 2012

ATO EM REPÚDIO AO GOLPE DE ESTADO NO PARAGUAI

 

Organizações partidárias, sindicais, estudantis e sociais e membros da comunidade paraguaia residente no Brasil se reuniram em 25 de junho em frente ao Consulado do Paraguai em São Paulo para manifestar seu repúdio ao golpe de Estado realizado neste país, que depôs o Presidente Fernando Lugo através de um golpe “relâmpago” parlamentar.

 

O ato, embora pequeno, reuniu, numa segunda-feira à tarde uma grande representatividade de organizações, mostrando a unidade de movimentos sociais e organizações sindicais históricamente diferentes, frente à ameaça externa de uma intervenção estrangeira na soberania continental.

 

Nas falas dos manifestantes foi enfatizado que, apesar de suas limitações, o governo de Lugo quebrou com a hegemonia de seis décadas do Partido Colorado e representava um avanço no cenário geopolítico latinoamericano. Denunciou-se também os interesses imperialistas sobre a região, principalmente o aquífero guaraní, e o papel que o Brasil e os brasiguaios desempenham na consolidação dos mesmos e de seus próprios interesses.

 

Um grupo de representantes da comunidade paraguaia, empunhando bandeiras e com a cara pintada, falava em “luto pela democracia”.

 

Formou-se uma comissão de representantes das entidades organizadora do ato e um documento de desagravo ao golpe foi entregue ao representante consular em serviço. Este, apesar de ter aceitado o documento, não quis se pronunciar, dizendo que quem determinava a política do consulado em São Paulo era a embaixada em Brasília.

 

Toda nossa solidariedade ao povo paraguaio!

Não reconhecemos o governo de Federico Franco!

Exigimos a imediata restituição do presidente Lugo!

Abaixo o golpe de Estado no Paraguai!

 

Sucursal INVERTA - SP

Tuesday, June 26, 2012

PCML(Br) condena Golpe no Paraguai

O Partido Comunista Marxista-Leninista (Brasil) repudia o golpe do “impeachment” cometido contra o Presidente da República do Paraguai Fernando Lugo.

 O PCML(Br) entende que o golpe no país sul-americano serve aos propósitos reacionários eleitoreiros, não somente dos partidos de direita que controlam o Congresso paraguaio - herdeiros do ditador Alfredo Stroessner, como aos interesses de controle militar da região a serviço das multinacionais do agronegócio, como a Monsanto, Cargill, UGP, etc - e sobretudo à sanha imperialista capitaneada pelos Estados Unidos e oligarquias em nosso Continente.

O golpe no Paraguai se soma à escalada geopolítica e estratégica - iniciada pelo golpe frustrado na Venezuela, pelo golpe no Haiti nas tentativas de golpes na Bolívia e Equador, em Honduras, a anexação da Colômbia – constituindo o círculo de fogo que se fecha sobre a América Latina e Caribe, isolando o Brasil e se contrapondo à tendência à união dos povos latino-americanos em um bloco de resistência ao projeto de recolonização de Nossa América por parte do imperialismo.

O PCML(Br) repudia o massacre dos camponeses paraguaios, ato covarde, cujos autores e mandantes devem ser punidos sem demora, e apresentados à Justiça, como o latifundiário Blas Riquelme, outra cria do stroessnismo, dono da fazenda ocupada pelos camponeses, onde ocorreu a matança dos policiais e camponeses, utilizada politicamente contra o Presidente Fernando Lugo, pela imprensa burguesa a serviço das oligarquias e contra o Povo.

A tese da morte por emboscada dos seis policiais das forças especiais, treinadas na Colômbia sob a supervisão da CIA, através do famigerado Plano Colômbia, sugere uma traição interna dentro da própria força de segurança, como parte de um plano golpista, visando sua utilização política na caricatura de impeachment de Lugo. Une-se à tese do golpe, o rápido reconhecimento da posse do vice-presidente Federico Franco, por parte dos Estados Unidos, a exemplo do golpe contra Chávez na Venezuela, e Zelaya em Honduras.

Que o Povo Brasileiro não se esqueça do círculo de fogo que se fecha contra a América Latina, que poderá isolar e golpear o Brasil. Pois não podemos esquecer que a ascensão da esquerda aos governos em Nossa América resulta da contra tendência à estratégia geopolítica neoliberal de hegemonia dos Estados Unidos sobre a região. Mas este processo se desenvolve em uma conjuntura resultante do período histórico dominado por ditaduras sanguinárias que reprimiram, torturaram, assassinaram o povo e organizações revolucionárias, ceifando os quadros revolucionários, de que tanto necessitam os governos atuais progressistas para avançar rumo à definitiva independência, soberania, e igualdade em seus países. Governos como o de Lugo, Correa, Chávez, Morales, Cristina, e até mesmo o de Dilma, correm sobre o fio da navalha de composições ora mais à direita, ora mais à esquerda.



Abaixo o Golpe contra o Povo Paraguaio!

Não à destituição de Fernando Lugo da Presidência da República do Paraguai!

Pelo não reconhecimento por parte do Brasil, da Unasul, e do Mercosul do governo golpista!

Viva a união dos Povos de Nossa América!

 

 

Partido Comunista Marxista Leninista(Br)

fonte: http://inverta.org/jornal/agencia/internacional/pcml-br-condena-golpe-no-paraguai

Sunday, June 24, 2012

QUEIMA O CÍRCULO DE FOGO SOBRE A AMÉRICA LATINA.

por Diego Garcia, para o Batalha de Ideias.


Em 9 de julho de 2008 um editorial do Jornal Inverta denunciava a mais recente tática dos EUA para a América Latina chamando-a de "Círculo de Fogo", em alusão à tática militar utilizada na década de 70 para isolar o Campo Socialista do Leste Europeu e derrotar a revolução socialista naqueles países.


Na contramão da ascenção da esquerda progressista na América Latina, então, observou-se, por parte do imperialismo norte-americano, uma tomada de posições muito parecida e que parecia conduzir ao mesmo caminho: cercar, isolar e conquistar.

Muitas hipóteses foram levantadas então, de porquê desejariam os ianques dominar uma região que já dominavam economicamente. A primeira resposta veio em forma de suposição de fontes de energia e subsistência: falou-se desde a necessidade da conquista da Amazônia como fonte de biomassa até o posicionamento estrtégico do Aquífero Guaraní, maior aquífero subterrâneo do mundo, localizado bem no coração da América do Sul, entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Entre outras coisas, em 2008 consolidava-se finalmente a primeira vitória econômica (em termos capitalistas) da América Latina: a anterior substituição do comércio do eixo AL-EUA pelo eixo AL-China tornou a região muito menos vulnerável à crise estadunidense daquele ano.

Escrevera-se então, no referido editorial:

"(...)Neste contexto de desespero do imperialismo seguiu-se ao círculo de fogo sobre o leste europeu e a ex-URSS, o círculo sobre o Oriente Médio, dirigindo-se para o cerco central ao Cáspio (Cazaquistão), onde se encontram as maiores reservas inexploradas de petróleo; não se pode deixar de enxergar também o círculo de fogo que se fecha contra a Nossa América, e menos ainda o Brasil como alvo principal desta disposição estratégica dos EUA, diante da posição geopolítica ocupada pela Venezuela, Bolívia e Equador – face a revolução bolivariana – e os constantes e retumbantes anúncios de descobertas de reservas de petróleo, em vários pontos do litoral brasileiro, além das já reconhecidas reservas hídricas, terras cultiváveis (alimento ou biocombustível) e a biodiversidade da floresta amazônica, em 70% estão no país."

Os anos se passaram e as previsões pareciam se confirmar. O círculo de fogo traçado sobre o Oriente Médio, por exemplo, queima já há mais de um ano, e ainda não dá sinais de esgotamento. Começamos a perceber as faíscas dos primeiros testes explosivos na terceira parte da tática imperialista: a América Latina.

Não muito tempo depois, em 2009, Honduras tranformava-se no tubo de ensaio da próxima invenção estadunidense: o golpe de estado institucional, onde o poder legislativo, partindo de um acordo de cavalheiros, destitui rapidamente o presidente eleito e obtém imediatamente a aprovação de pesos-pesados da geopolítica mundial, como os próprios Estados Unidos, a Alemanha e Israel, entre outros.
Em 2010 e 2011, duas tentivas frustradas, porém com características muito similares: Bolívia e Equador, quando Rafael Correa foi preso no hospital militar onde recebia tratamento e onde todos os grandes meios de comunicação apressaram-se em qualificar o mercenário levante policial de "insurreição popular".

Os Estados Unidos parecem estar buscando os "elos mais fraco" da corrente, lugares com presidentes em dificuldades com a oposição, para mais uma vez exercer seu domínio sobre a região. Como para acender uma fogueira necessita-se de um graveto mais seco. As contudentes respostas dadas pelos povos da Bolívia e do Equador fizeram-os recuar por um instante, mas o Paraguai parecia encaixar-se perfeitamente na definição desejada.

Em 23 de março de 2009, lemos num telegrama aberto pelo WikiLeaks, enviado pelo Embaixador dos EUA em Assunção, Michael J. Fitzpatrick, ao Departamento de Estado de sua nação:

“Rumores indicam que o general Lino Oviedo e o ex-presidente Nicanor Duarte estão trabalhando juntos para assumir o poder por meio de instrumentos (predominantemente) legais que deverão afetar o presidente Lugo nos próximos meses. O objetivo: capitalizar sobre qualquer tropeço de Lugo para iniciar o processo político no Congresso, impedir Lugo e assegurar sua supremacia política (...) A revolta relacionada a um programa de subsídios para agricultores por meio de ONGs foi considerada um pretexto para o impeachment antes que Lugo abandonasse o programa. Para um presidente que enfrenta muitos desafios – disputas políticas internas, corrupção e a percepção de que seu estilo de liderança é ineficiente – Lugo deve se preocupar para não cometer um erro, que seria seu último.”

E realmente: o último "erro" cometido por Lugo parece não ter sido provocado por ele. Uma semana antes, um conflito entre agriculltores e camponeses sem-terra tranformou-se num massacre, com um saldo de mortos de 6 policiais e 15 camponeses, e forneceu à opoosição ruralista um prato cheio para conduzir o "golpe de misericórdia" que todos assistimos anteontem.

Hoje, chegam notícias de tentativas de desestabilizar mais uma vez o governo de Evo Morales, na Bolívia, mais uma vez, por meio da Polícia Militar.

Um plano de desestabilizção continental parece requerer uma resposta mobilizadora continental por parte dos povos.

Para ler a íntegra do editorial "Um Círculo de Fogo sobre a América Latina".
                                                         e "O Círculo de Fogo se fecha sobre a América Latina".

Friday, June 22, 2012

DECLARAÇÃO PÚBLICA DAS FARC-EP.

 

FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA-EXÉRCITO DO POVO (FARC-EP) 

Declaração pública 

Acerca da paz e da solução política ao conflito interno Juan Manuel Santos, em uma nova mostra de desespero, expressou ante o país no passado 11 de junho, na Escola Militar José María Córdoba, que se as guerrilhas estávamos falando de paz era graças à contundência das Forças Armadas. E acrescentou outra manifestação que diz muito de seu compromisso com a reconciliação e a paz democrática: só se produzirá a possibilidade de diálogos quando se tenha a segurança de que estes se realizarão “sob nossas condições e nosso domínio".

Tão disparatada interpretação da realidade põe a nu a concepção que inspira o discurso oficial. A via pacífica, democrática, dialogada, para solucionar o gravísimo conflito que assola a Colômbia tem sido bandeira das FARC desde seu nascimento. Levantou-a o movimento agrário de Marquetália ao conhecer-se em1962 a projetada agressão oficial. A guerra, a repressão violenta da organização popular e da oposição política, têm sido o histórico mecanismo de dominação da oligarquía colombiana e de seu amo imperialista.

A intolerância do regime corresponde-se com os interesses hegemônicos do grande capital multinacional, expressos para nosso continente desde o chamado Consenso de Washington. Livre comércio, privatizações, flexibilização trabalhista, abertura total ao investimento estrangeiro direto, isto é, a mais pura ortodoxia neoliberal no campo da economia, requer para sua imposição a absoluta dominação ideológica e cultural no campo da política.

O extraordinário esforço de Santos por entregar em lotes o território nacional às corporaciones mineiras e agroindustriais, seu desprezo pelas condições de vida das comunidades e as condições trabalhistas da mão de obra colombiana, seus reiterados privilégios ao grande capital em desrespeito ao meio ambiente e à produção nacional têm sido convertidos em dogmas sagrados. A ninguém se permite pô-los em dúvida ou os discutí-los. Trata-se nem mais nem menos que dos direitos do capital, bem mais importantes que os direitos da sociedade, os direitos humanos ou qualquer outra categoria de direitos.

Se até hoje, apesar dos sucessivos espaços conquistados pela luta popular para falar de paz nos últimos 30 anos de história, tem sido impossível chegar a um acordo de solução dialogada, tem sido precisamente pela negação das classes dominantes em admitir a mínima variante em seus projetos de dominação econômica e política. Isso volta a se pôr a nu com o atual governo.

Uma das vítimas do Terrorismo de Estado colombiano, uma mulher assassinada no bairro Policarpa no município de Apartado só por ser militante da União Patriótica, movimento político fundado em 1985 como resultado do acordo de Cessar Fogo entre o governo de Belisario Betancourt e as FARC-EP. Mas o estado cometeu a um genocídio político contra a UP, assassinando quase 5.000 de suas melhores quadros.

O que o regime pretende às custas das FARC e dos direitos da imensa maioria de compatriotas é relegitimar ante o concerto mundial seu modelo terrorista de Estado. Apagar de um a tacada a horrível e longa noite de crimes e horror mediante a qual o grande capital e os latifundiários, representados nos poderes públicos, têm acumulado fortunas e propriedades para adiantar seus gigantescos projetos de enriquecimento. Por isso se escuda hipocritamente em uma suposta intervenção da justiça internacional na contramão dos alçados.

Não são os guerrilheiros colombianos quem devem responder pelas práticas atrozes e genocidas que o Estado colombiano, por mão de suas forças armadas oficiais e paramilitares, sob a orientação das agências de inteligência norte-americanas e do Pentágono, se encarregou de praticar de modo sistemático contra sua população durante muitas décadas.

Não vai ser à custa de acusações infames e gratuitas contra a luta popular, que os gorilas e monstros que têm ensanguentado e semeado a Colômbia de tumbas vão salvar sua responsabilidade, como de modo cínico se consagra no chamado marco legal para a paz. O descaro do Congresso que o expede se reforça com a vergonhosa reforma judicial recém aprovada nas instâncias do governo.

A retórica de Santos põe a cada dia mais ao nu seu verdadeiro conteúdo. O único acordo de paz que espera é um contrato de adesão, no que uma guerrilha arrependida e chorosa se renda de joelhos ante o grande capital, agradecido de ter sido perdoada como o filho pródigo. Um ícone econômico, militar, ideológico, político e cultural para vender material mentiroso sobre sua dominación de classe ante a sociedade inteira, o triunfo hegemônico do capitalismo selvagem.

Tão elitista e soberba é sua atitude oligárquica, que pretende centrar o debate em se o Comandante das FARC pode ser ou não congressista, como se se tratasse de que a luta do povo colombiano e a insurgencia apontasse mal a uma simples reinsersão em seu podre regime político.

Agora se tenta pôr ao senhor Uribe a desempenhar o papel que em seu tempo jogara o senador Álvaro Gómez Hurtado, como uma espécie de símbolo da ultradireta, que deve ser manejado com cuidado e comprazer, quando não estivesse de acordo com ele em tudo. O Partido Liberal compartilhava o poder com o filho de Laureano, tal e como faz Santos com seu publicitado rival hoje. O povo colombiano aprende da história, a oligarquía parece que não, e faz questão de repetí-la neciamente.

Mais claro não podemos falar. A solução política ao conflito colombiano é parte inseparável de nosso acervo ideológico e político, não é o produto de nenhuma pressão militar.

As FARC-EP somos povo colombiano em armas, seguimos combatendo e seguiremos combatendo até que desapareçam as causas que deram origem e seguem alimentando o conflito colombiano. Nossa vontade de paz se demarca nesse critério elementar. O regime político, o manejo econômico e social do país requerem profundas reformas que devem nascer do debate aberto e democrático com todas as forças do país. Não entendemos por que se Santos deseja tanto a paz, tem tanto temor a isso.

Agora fala de drones e outras loucuras, como se o que a Colômbia requeresse fossem mais mortes e derroche. O que a nação colombiana está reclamando a gritos em ruas e praças é que se abram as portas do diálogo e da reconciliação, que se lhe dê a real oportunidade e o direito a falar, a expor, a se mobilizar e decidir a respeito do futuro do país.

SECRETARIADO DO ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 22 de junho de 2011

"Vatileaks" revela que o Vaticano não é nada angelical

por Emilio Marin,
traduzido por
Vinicius C. para o Batalha de Ideias

O Vaticano é um estado religioso, mas nada angelical. As revelações de documentação interna, um novo livro, renúncias e detenções no círculo íntimo de Bento XVI põem-no em destaque outra vez.

Joseph Ratzinger, o ex-cardeal alemão ungido Papa Bento XVI em 2005, estaria chegando ao final de seu reinado sobre uma grei católica de 1,5 bilhão de pessoas. Não é só pela idade -85 anos-, um fator que também não o ajuda, senão pela quantidade de denúncias que estão caindo sobre ele. Não há outro modo de interpretação a não ser avaliá-las como expressão de lutas intestinas entre bispos que começam a brigar pela sucessão do idoso pontífice.

Paradoxalmente, uma das maiores satisfações do último período foi proporcionada por um país socialista, Cuba, onde esteve no final de março. Missas em Santiago de Cuba e na Praça da Revolução em Havana, permitiram-lhe orar diante de cerca de 500.000 pessoas que o escutaram com reverencial silêncio. Um afeto similar, nascido do respeito e da diplomacia, não dos acordos ideológicos, recebeu das autoridades. Fidel Castro -retirado das funções de governo- solicitou uma reunião privativa e teve palavras amistosas para com ele.

Mas fora dessa viagem e desses momentos tão favoráveis, o resto do decorrido de 2012 não tem sido positivo para o Papa. Não se pode dizer que as coisas fossem desconhecidas ou que se escancararam de improviso em maio. Desde janeiro, vinham-se conhecendo informações saídas das entranhas do Vaticano e que adiantavam situações desagradáveis para essa autoridade.

Poderia ser dito que em maio se precipitaram vários fatos batizados como "Vatileaks", parafraseando os escândalos a nível mundial desatados em 2010 com milhares de cabos secretos revelados pelo site Wikileaks. Estes danificaram severamente a reputação, por si já baixa, do Departamento de Estado norte-americano.

O primeiro escândalo estava relacionado com o Banco Vaticano, o IOR (Instituto de Ordem Religiosa), cujo presidente, Ettore Gotti Tedeschi, foi despedido por decisão unânime do diretório. Nessa cúpula, manejada pelo Vaticano, há "especialistas externos" da Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Itália. As aspas realçam a condição de banqueiros destes diretores, possivelmente de missa diária, mas de condição moral discutível, quanto menos.

Desde setembro de 2010 a promotoria de Roma mantinha Tedeschi sob investigação por possível lavagem de dinheiro e giros duvidosos de 20 milhões de euros à JP Morgan de Frankfurt, Alemanha, e à Banca do Fucino. O outro pesquisado pela justiça é o diretor geral do IOR, Paolo Cipriani.

O IOR tem triste fama porque já em 1982 esteve envolvido com a quebra do Banco Ambrosiano, cujo presidente Roberto Calvi apareceu enforcado embaixo de uma ponte londrina. O Vaticano teve que pôr 241 milhões de dólares para compensar os prejudicados.

Depois de várias reordenações do IOR, em 2009 chegou a sua presidência Tedeschi, da Opus Dei, posto por Bento XVI para seu "saneamento". A julgar por sua demissão e a investigação judicial, as coisas ali são tão opacas como eram as negociatas de trinta anos atrás.

 

Corrupção e algo mais

 

Não são inimigos ateus da Igreja os que denunciaram a revivência da corrupção nesta nova rodada. No ano passado o secretário Geral do Governatorato da Cidade do Vaticano, Carlo María Vigani, denunciou ante o Papa a corrupção em sua administração, sobretudo em licitações arranjadas com empresários amigos. Vigani foi raleado e "promovido" a núncio nos EE UU, bem longe de Roma, virtualmente exilado.

A fins de janeiro deste ano suas duas cartas de então a Bento e ao "chanceler", secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone foram difundidas pelo canal de televisão A 7.

Bertone pode querer tirar a patente de servidor público honesto ao impulsionar a demissão de Tedeschi do IOR. Mas na imprensa italiana publicaram-se artigos assegurando que o acusado quis dar uma administração mais transparente ao banco vaticano e por isso teve colisões com aquele "chanceler". Mais ainda, asseguram que quando a justiça romana pôs o banco sob a lupa, Tedeschi decidiu informar e colaborar com a promotoria, o que levou a um maior distanciamento com Bertone.

O IOR está sob a lupa das autoridades bancárias europeias e a Comissão Europeia que em julho deverão expedir se aquele figurará ou não na lista de entidades que cumprem com as normas de transparência bancária. Como estão hoje as coisas, seria um milagre que consiga essa qualificação.

Corroborando que tinha em circulação muita e boa informação reservada ou secreta do Vaticano, em meados de maio se publicou o livro "Sua Santidade. As cartas secretas de Bento XVI", do jornalista Gianluigi Nuzzi.

No material incluía-se temas de debate do Papa com a chanceler alemã Angela Merkel e o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o pedido do ETA de poder tramitar por intermédio do Vaticano sua proposição de desarmamento, as cartas referidas a’"os legionários de Cristo" e os casos de pederastia e negociatas do fundador dessa ordem, o mexicano Marcial Maciel.

As setas de Nuzzi acertaram na mosca. E o afetado, Bento XVI, decidiu criar uma comissão para pesquisar de onde tinha saído tanto dado interno. Ficou conformado pelo cardeal Julian Herranz (Opus Dei), o cardeal eslovaco Jozef Tomko, ex-prefeito da Congregação para a Propagação da Fé, e pelo arcebispo de Palermo, Salvatore De Giorgi.

Essa troika apontou Paolo Gabriele, mordomo do Papa, cuja casa na cidade do Vaticano foi invadida pelos gendarmes e ele mesmo preso, no dia seguinte da demissão de Tedeschi. Segundo o diretor de imprensa do Vaticano, Federico Lombardi, Gabriele foi detido porque em seu domicílio foi encontrado material abundante probatório do "furto" de informação e papéis do Pontífice. Por esse "crime" contra o Estado alguns meios disseram que lhe poderia corresponder uma pena de até 30 anos de prisão. Um pouco exagerada a punição. Pensar que na Argentina ao brigadeiro genocida Orlando R. Agosti, golpista da primeira Junta Militar de 1976, deram só 4 anos e 8 meses de prisão...

 

Uma salsa?

 

Talvez "Paoletto", o mordomo, seja culpado ou não, isso o dirá a justiça, lástima que não a civil ou comum dos italianos, senão a correspondente a muros dentro do Vaticano. Assim poderia resultar que este é juiz e parte interessada.

É difícil achar que todo esse roubo e vazamento de informações reservadas do Papa tenha sido obra de uma só pessoa. Mais bem lógico é pensar num grupo. E não parece que o motivo de sua atuação tenha sido lucro ou motivos financeiros senão outros mais bem políticos. Em linhas gerais o que fica em pior situação é o secretário de Estado, Bertone, como número 2 do Vaticano. É evidente que o próprio pontífice sai salpicado pelas revelações, mas como está chegando o final de seu papado, o mais prejudicado pelas filtrações parece ser seu atual mão direita e possível aspirante à sucessão.

Se o mordomo resulta ser uma "salsa", sua detenção e julgamento poderiam estar ocultando a luta dura pelo poder no interior do Vaticano, uma disputa que é atual e que também se livraria pensando num futuro, quando Ratzinger já não esteja entre os vivos.

Essa hipótese tem sua razão de ser e tanto com maior empenho o porta-voz de imprensa Federico Lombardi empenha-se em negá-la. "Não há nenhum cardeal, nem italiano nem de outro país, que esteja sendo pesquisado como alguns escreveram", disse Lombardi. Então deveria havê-los...

As finanças vaticanas pouco transparentes têm sido motivo de várias investigações e publicações críticas. O livro mencionado de Gianluigi Nuzzi é o segundo de sua autoria, porque já tinha publicado outro, "Vaticano Sociedade Anônima", sobre as questionadas finanças do purpurado.

Um jornalista argentino especializado em assuntos da Igreja, Washington Uranga, opinou sobre o escândalo no Página/12 ("O diabo entrou sem golpear", 29/5). Ali recorda que "em 1982, o teólogo brasileiro Leonardo Boff, um dos iniciadores da teologia latino-americana da libertação, publicou um livro titulado Igreja, carisma e poder". À raiz dessa opinião, Ratzinger condenou-o ao silêncio e depois Boff pendurou os hábitos.

Seu esboço não deixa bem o Vaticano: "desmoronamento que não se reduz ao questionado poder central do catolicismo, senão que se estende ao longo e na largura do mundo onde a cada dia surgem novas evidências de casos de corrupção como os ocorridos com os Legionários de Cristo, os casos de pedofilia, os escândalos sexuais, as fraudes e as cumplicidades em violações aos direitos humanos, como acaba de ratificar em nosso país".

Uranga concluiu: "a panela segue-se destapando no Vaticano... e cheira a podre". Os narizes de boa parte do mundo, católicos ou não, cheiram o mesmo.

 

o original encontra-se em:

http://www.laarena.com.ar/opinion-_vatileaks__desnuda_que_el_vaticano_no_es_nada_angelical-76265-111.html

 

Monday, June 18, 2012

Venezuela: às vésperas do golpe, um funcionário da Embaixada dos EEUU recrutava franco-atiradores


por Jean Guy Allard
traduzido por Vinicius C. para o Batalha de Ideias

Semanas antes do golpe de Estado contra o Presidente Hugo Chávez, Marcelo Sanabria, então Chefe de Segurança da Embaixada dos Estados Unidos na Venezuela, dedicou-se a procurar franco-atiradores a quem propôs, em troca de grandes somas de dinheiro, realizar “ações” e que depois participaram na matança da ponte Llaguno.
O funcionário da Embaixada tornou-se “célebre” quando custodiou pessoalmente Pedro Carmona, no dia 12 de abril, com uma arma de tamanho descomunal – um lança-granadas – em fotos tiradas no Forte Tiuna e difundidas na imprensa. 
A segurança da Embaixada encontrava-se sob contrato com a firma Wackenhut Venezolana C.A. filial da Wackenhut Corporation, uma empresa de segurança e de investigação dos EEUU, cujos escritórios centrais estão localizadas em Palm Beach Gardens, Flórida.
Tudo confirma que é uma fachada da CIA.
Sanabria mantinha então relações pessoais estreitas com Isaac Pérez Recao, dono da agência de vigilância "Serenos Victoria" e cujo domicílio, neste mesmo período, serviu de quartel-geral para o recrutamento de oficiais que recebiam lá mesmo grandes quantidades de dinheiro em troca de sua traição. 
Sanabria andou durante o 11 de abril ao lado do Comissário Iván Simonovis, condenado depois a 30 anos de prisão, pena máxima na Venezuela, por graves delitos cometidos durante o golpe de Estado, entre os quais o caso da ponte Llaguno, massacre que cobrou 19 vítimas fatais.
Pérez Recao organizou um grupo armado dirigido pelo contra-almirante traidor Carlos Molina Tamayo, depois a cargo da Casa Militar do efêmero Carmona. 

Num sótão da casa deste multimilionário, comerciante de armas em escala mundial, a Direção da Inteligência Militar encontrou um enorme arsenal militar. 
Uma vez fracassado o golpe enquanto Sanabria ficava no país, Recao fugiu num helicóptero para Aruba apoiado por Richard Lacle, o mesmo que deu apoio ao terrorista Luis Posada Carriles quando escapou das prisões venezuelanas.
Marcelo Sanabria, que se diz “especialista em matéria de segurança” radica em Apure.
A mesma fonte confirma que o Governo dos EEUU financia e assessora à oposição e seu candidato nas eleições presidenciais Henrique Capriles Radonski quem foi um participante ativo do Golpe de Estado de 2002 e com quem já mantinha estreitas relações.
Esta última informação foi confirmada na semana passada por James Petras, acadêmico e analista político dos Estados Unidos quem afirmou por sua vez que o Governo estadunidense está planejando derrubar o presidente Chávez, diante da impossibilidade da vitória de Capriles Radonski nas eleições do próximo dia 7 de outubro.

o original encontra-se em http://www.rebelion.org/noticia.php?id=149354