Tuesday, December 23, 2014

Defender a vontade popular que reelegeu Dilma Rousseff e combater o golpismo!

 
Em sua última edição impressa, o INVERTA traz um editorial, assinado pelo Centro de Educação Popular, Pesquisas Econômicas e Sociais (CEPPES), e faz um chamado a defender a vontade popular que reelegeu Dilma Rousseff.

Diante da reação histérica de alguns setores da esquerda eleitoral em relação a nominação de alguns ministérios, o Batalha de Ideias decidiu republicar o editorial do jornal em questão, na esperança de uma leitura atenta possa suscitar um debate um pouco mais profundo sobre os rumos do novo governo, do que apenas a grosseira simplificação seguida de uma quase infantil exigência que Dilma alije a direita do poder a partir de primeiro de janeiro. Sim, também concordamos que tal fato seria muito prazeroso. Mas sejamos materialistas em nossas análises e deixemos nossos quererem pessoais um pouco de lado. Segue o texto, datado de 20 de novembro.


DEFENDER A VONTADE POPULAR QUE ELEGEU DILMA ROUSSEF E COMBATER O GOLPISMO!

“Não pode ser candidato, se for não pode ser eleito, se eleito não toma posse, se toma posse não governa” (Carlos Lacerda, sobre Vargas no pré-54). As oligarquias buscam repetir o mesmo roteiro de golpe e desestabilização usados no passado. 
 
As eleições presidenciais de 2014 trouxeram importantes ensinamentos para aqueles que almejam transformações profundas na vida de nosso país. Nem tudo pode ainda ser devidamente avaliado porque a impressão que se tem é que o processo eleitoral continua. A oposição reluta em aceitar a derrota e age como se houvesse um terceiro turno. O elemento central da campanha oposicionista não foi desativado, pelo contrário, parece oferecer a cada dia capítulos mais surpreendentes: o caso de corrupção que envolve diretores da Petrobrás e empreiteiras.

No entanto, há dois aspectos que parecem claros. O golpe que a oposição preparou para subverter a vontade popular deixou evidências inquestionáveis. O Conselho Nacional do Ministério Público puniu semana passada com 90 dias de suspensão um dos seus membros que defendeu o golpe militar. Foi noticiado também que delegados que estão à frente das investigações sobre o escândalo empreiteiras/Petrobrás fizeram propaganda eleitoral para o candidato oposicionista. Esses dois fatos poderiam parecer pequenos se um dos principais atos do golpe não tivesse sido a manobra de um periódico ativo na conspiração em responsabilizar o governo e o PT pelos desmandos na Petrobrás.

O equilíbrio entre os poderes e a função das instituições parece estar claramente subvertido. Falando da incapacidade das instituições como escola, igreja, partidos cumprirem suas missões em épocas de crise, Darcy Ribeiro falava do papel ocupado pela mídia burguesa: “o que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa fazendo a cabeça das pessoas. Impondo-lhes padrões de consumo inatingíveis, desejabilidades inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações e seu pendor para a violência” (RIBEIRO, O povo brasileiro, p. 207, 1995).

O uso de instrumentos legais duvidosos é uma forma de violência, como no caso do mensalão, a tortura midiática e a desenvoltura do torturador de um dos réus, chegando a comparecer a sessões do legislativo onde o assunto era debatido e o recente recurso da delação premiada devem merecer nosso alerta quanto aos limites desses instrumentos. Pessoas sem culpa formada podem ser mantidas por dias, semanas e meses em regime incomunicável, enfrentando interrogatórios destinados a quebrar a moral e o equilíbrio psicológico. Não seria o caso de pelo menos relativizarmos as informações obtidas em tais condições? O que se viu durante a campanha eleitoral foi o vazamento seletivo de “informações” e a chantagem aberta.

Na campanha eleitoral passada, os tucanos tiveram que se explicar porque queriam privatizar a Petrobrás, agora se tornaram seus mais ferrenhos defensores acusando o governo de responsável pelos desmandos ali ocorridos. De fato, há evidências de corrupção, mas há vazamento seletivo de informação, abuso de instrumentos jurídicos duvidosos. O melhor mesmo é fazer como a presidenta tem dito: investigar e punir. Foi ela que reagiu prontamente à espionagem dos Estados Unidos na empresa. Quem assim age está preparado para enfrentar peixes menores.

A primeira constatação que pode ser feita é que esta campanha eleitoral tornou visíveis interesses de classes como nenhuma outra. Depois de três derrotas consecutivas e do relativo isolamento a que estavam sendo submetidas, as oligarquias partiram para ações mais ousadas, além de ressuscitarem o golpismo, cooptaram importantes setores da esquerda eleitoral, como o PSB (ressalve-se a resistência de alguns nomes a esta infame operação) e a Rede (aqui não havia mais pudores que impedisse de compactuar com o neoliberalismo).

Se o PT chegou ao poder porque as oligarquias consentiram, agora o seu reformismo já foi longe demais. Aliás, nenhuma reforma, se possível, é o que aspiram as classes dominantes no Brasil desde 1500, o que os golpes de 1954 e 64 comprovam cabalmente. O que Vargas fazia de revolucionário se não apenas criar as bases para a industrialização brasileira? João Goulart foi derrubado porque resolveu mexer no estatuto da terra, estabelecido em 1870 para assegurar que as terras do país deveriam ter donos porque logo haveria escravos libertos com necessidade de terras.

Por volta de junho/julho, o governo foi longe demais para as oligarquias: a Copa do Mundo foi realizada sem o caos apregoado e a presidenta não fugiu à luta na reunião dos BRICS. Mais uma vez deixou claro seu não alinhamento com os Estados Unidos e de defesa de um mundo multipolar. Não é demais lembrar que Dilma fez questão de fortalecer o papel da CELAC na integração latino-americana, aproximando-a do bloco dos BRICS. Sabíamos naquele momento que, derrotados, o imperialismo e as oligarquias iam reagir com fúria no processo eleitoral e assim o fizeram.

O governo que não aceitou a espionagem dos Estados Unidos. Na campanha eleitoral, a candidata Dilma não se intimidou frente às ameaças de todo o tipo, agora tem enfatizado que não compactua, nem será conivente com a corrupção. A oposição parece o aprendiz de feiticeiro e o feitiço, à medida que ganha mais autonomia começa a se voltar contra aqueles que, se não o arquitetaram, dele querem se beneficiar.  Sabemos agora que o esquema estava montado há quinze anos. Podemos dizer que, no mínimo, os tucanos não são hábeis em investigar e punir: não há ninguém preso do mensalão tucano e a compra de votos para o segundo mandato de FHC sequer mereceu o devido espaço na mídia dos monopólios, quem dirá investigação, para ficarmos apenas em dois exemplos.

Como as contradições se acirram, os golpes se multiplicam, o que o governo fez ainda é insuficiente. Precisa manter a posição de não alinhamento no cenário internacional e tomar medidas que possam ajudar a unir o povo contra o neoliberalismo. Propostas que deem expressão à vontade popular fora do processo eleitoral, como os conselhos populares e formas de controle do poder econômico nas eleições e nos meios de comunicação podem ter um forte apoio popular. A presença dos militantes nas ruas, a aproximação de setores do PSOL e PSB da candidatura de Dilma no segundo turno, particularmente no Rio de Janeiro, são bons sinais de movimentação no sentido de alianças ou frentes que possam fazer avançar nas reformas e conter o avanço da direita, fortalecida no processo eleitoral.

Aqueles que lutam pela real transformação nas estruturas sociais e econômicas, que se alinham em oposição ao neoliberalismo e os comunistas revolucionários saem da eleição com o desafio de prosseguir na construção das condições subjetivas que permitam a ruptura com o capitalismo e a construção de uma nova sociedade baseada no modo de produção comunista. O cenário que se avizinha é de maior acirramento da luta de classes e de melhores possibilidades para a luta revolucionária, na medida em que os interesses das classes ficam mais nítidos. Cada vez mais a massas serão chamadas, como fizeram na eleição, a se alinhar na luta antineoliberal, anti-imperialista e anticapitalista. O interesse de amplos setores em se organizar ficou explícito nas ações desenvolvidas para conter o golpe eleitoral, essa vitória parcial deve estimular a novas ações, como a ampliação dos comitês de luta contra o neoliberalismo e pelo socialismo; ao mesmo tempo, buscar a unidade de organizações e partidos que se alinham em torno desse eixo programático para enfrentar o imperialismo e as oligarquias.

Derrotar o golpismo e as oligarquias!
Contra o imperialismo e pela organização popular nos comitês de luta pelo socialismo!
Viva Zumbi e a luta dos trabalhadores sem-terra! Viva o Dia da Consciência Negra!

20 de novembro de 2014
Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (CEPPES)

Wednesday, October 15, 2014

Denúncia do Golpe Eleitoral contra a reeleição de Dilma Rousseff no Brasil

Intelectuais e dirigentes de organizações populares fazem denúncia acerca de uma grave ingerência do imperialismo para manipular as eleições em nosso país.


Trabalhadores e trabalhadoras brasileiros,

Estamos diante da mais grave ameaça à nossa jovem democracia, desde o final da ditadura civil-militar na década de 80. Como no período que antecedeu ao Golpe de 1964, podemos observar grandes articulações que, neste momento, confluem para uma manipulação eleitoral antipopular que busca, com a candidatura de Aécio Neves, colocar novamente nosso país sob a administração direta do capitalismo financeiro, mais especificamente do imperialismo norte-americano.

Os trabalhadores e trabalhadoras de nosso país que, como Tiradentes, acreditam no direito que temos de decidir os rumos de nossas vidas livres de ingerências e intervenções estrangeiras, devem estar alertas e prontos para rechaçar o golpe eleitoral que a direita colocou em execução.

Que ninguém tenha dúvida, não se trata apenas de enfrentar as oligarquias mais atrasadas e reacionárias, que dominam nosso país desde 1500, mas de resistir às ações do imperialismo que efetivamente dirige diretamente as ações de desestabilização no Brasil. 

As eleições presidenciais de 2014 se converteram em um campo de batalha no qual se uniram para aplicar um Golpe Eleitoral os grandes empresários, os banqueiros, a grande imprensa e outros setores, nos quais as agências de espionagem e desestabilização dos Estados Unidos, como a CIA e a NSA, infiltram-se fortemente nos últimos anos.

As ações de espionagem contra o Brasil e mais especificamente contra a presidenta Dilma e contra a Petrobras, reveladas no vazamento de documentos da NSA, não eram apenas por concorrência econômica, como muitos afirmam. Essas ações tinham o objetivo de preparar o terreno para impedir a manutenção, em nível federal, de um governo de tendências antineoliberais. 

Fez parte dessas ações a ascensão de Marina da Silva à candidata presidencial, visando impedir uma vitória de Dilma já no primeiro turno. O respeitado professor e especialista em relações internacionais, Moniz Bandeira, testemunha direta e viva de diversas manobras da direita, como o Golpe de 1964, em carta aberta ao presidente do PSB, Roberto Amaral, relata ter inclusive enviado um alerta a Eduardo Campos, que deveria se prevenir. Sua experiência lhe dizia que uma ação desse tipo já era esperada e que Marina Silva não aceitaria ser apenas vice de Eduardo.

Conforme denunciado pelo professor Theotonio dos Santos, Marina Silva, que substituiu Campos como candidata do PSB, objetivamente cumpre o papel de instrumento do imperialismo, articulada, junto a Fernando Henrique Cardoso, no Diálogo Interamericano, instituição fundada em 1982 e que, segundo texto em seu site, reúne “100 ilustres de todo o continente americano, incluindo políticos, empresários, acadêmicos, jornalistas e outros líderes não-governamentais.”  Essa organização existe para atacar as democracias latino-americanas e foi uma das articuladoras dos recentes Golpes de Estado em Honduras e no Paraguai.

Devido ao rechaço popular às ditaduras que os Estados Unidos instauraram e mantiveram em toda a América Latina, na segunda metade do século 20, as classes dominantes não encontram apoio suficiente, nem na sociedade, nem nas Forças Armadas, para um novo Golpe Militar. Por isso, o imperialismo busca realizar um Golpe Eleitoral através de três frentes: guerra econômica, guerra midiática e  intervenções a partir de suas infiltrações na Policial Federal e em setores do judiciário.

Guerra Econômica


No final do ano passado, a presidenta Dilma, em sua mensagem de encerramento de ano disse:

“Se alguns setores, seja porque motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas.”

A guerra psicológica é apenas uma parte de um movimento maior de guerra econômica que deve ser denunciada. Os economistas Passos, Cardoso e Brandes do DIEESE em um texto intitulado “A queda dos investimentos privados na economia brasileira nesse início de 2014” demonstram que uma taxa negativa de investimento de 2,1% no primeiro trimestre de 2014 significa que os grandes capitalistas, principalmente os de São Paulo, abstiveram-se de reinvestir o capital acumulado no ciclo anterior.

Sem qualquer compromisso com o país, eles transferiram seus investimentos para os títulos da dívida pública dos Estados Unidos na esperança de que um baixo crescimento do PIB rendesse manchetes ruins ao governo e o forçasse a tomar medidas antipopulares em pleno ano eleitoral.

Não podemos nos esquecer também do efeito da falta d'água em São Paulo, estado governado pelo PSDB de Aécio e Alckmin, que praticamente desacelerou a construção de novos empreendimentos nos últimos meses.

Outra faceta da aplicação desta Guerra Econômica nestas eleições é a manipulação do mercado através das bolsas de valores, ao sabor da conjuntura eleitoral. As repentinas e acentuadas quedas e recuperações, às vezes em um mesmo dia, de ações de grandes empresas, inclusive estatais, buscam criar fatos políticos que favorecem o candidato do imperialismo, além de operarem uma transferência de recursos das mãos dos pequenos e médios investidores para os grandes especuladores.

Um dos responsáveis por esses crimes é o megaespeculador George Soros, patrão de Armínio Fraga, indicado por Aécio Neves para assumir o Ministério da Fazenda. George Soros é conhecido por financiar ações de desestabilização em todo o mundo. Recentemente admitiu, sem o menor pudor, sua responsabilidade nos eventos que explodiram na Guerra Civil da Ucrânia, que já vitimou milhares de pessoas, principalmente civis. Soros afirmou em entrevista recente: "Criei uma fundação na Ucrânia antes de que se independizasse da Rússia. E a fundação tem operado desde então e jogou um papel importante nos acontecimentos atuais"

Os interesses dos Estados Unidos estão tão bem representados em Armínio Fraga, indicado por Aécio, que o ex-secretário do Tesouro americano Timothy Geithner chegou a indicar seu nome ao presidente Barack Obama para dirigir o FED (Banco Central dos Estados Unidos).

Recentemente, Armínio Fraga criticou a política de aumento de salário mínimo, que saltou de 86,21 dólares, em 2002, quando Lula assumiu seu primeiro mandato, para 305 dólares em 2014 (valores convertidos do real). Para ele, os salários devem ser arrochados e o orçamento público e os gastos sociais, reduzidos.

Todos se lembram do que representou o governo de FHC, no qual Armínio Fraga era presidente do Banco Central, para os níveis de salários, emprego e de escolaridade de novo povo.

Guerra Midiática


A grande imprensa burguesa, mais destacadamente seu maior representante, as Organizações Globo, repetem sua atuação das vésperas do Golpe de 1964. Martelam o dia inteiro manchetes sobre corrupção e inflação, seguindo exatamente o mesmo script utilizado para derrubar o Presidente João Goulart. Dilma é atacada como Jango foi pelas mesmas 9 famílias que detêm os monopólios de comunicação em nosso país.

Essa imprensa reacionária demonstrou seu poder ao intervir diretamente, com coberturas descaradas, sobre os eventos de junho do ano passado, convertendo os protestos contra o aumento do preço das passagens em uma nova “Marcha com Deus pela Família e Propriedade”, organizada pelas senhoras ricas contra o governo de Jango 64. Com a constante cobertura e exposição, eles criaram agora o fenômeno dos Black Block, tentando criar um clima de desestabilização, além de introduzirem bandeiras conservadoras entre as pessoas que estavam nas ruas.

Contudo, esses meios privados foram desmoralizados após o fracasso de sua campanha contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, na qual previam um clima de caos total. A organização e a realização da Copa superou outras edições realizadas na Europa. De maneira cínica, esses meios passaram a tentar associar o governo com a derrota no gramado contra a Alemanha.

A ilustrativa pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública, formado por pesquisadores da UERJ, divulgada no site Manchetômetro, demonstra claramente o bombardeio contra Dilma, por conta da desproporcionalidade em matérias negativas.

Essas ações midiáticas, de eficiência limitada entre a classe trabalhadora, busca deixar a classe média histérica e acaba promovendo uma onda de ódio racial e social. Fernando Henrique Cardoso, líder maior do PSDB, claramente  atiça esse clima ao dizer que os eleitores de Dilma são ignorantes por ela ter vencido no Nordeste.

As infiltrações no Judiciário e na Polícia Federal

A terceira grande articulação da tentativa de Golpe Eleitoral em curso envolve setores do Poder Judiciário que, ao aplicarem uma política de “dois pesos e duas medidas”, buscam mudar a correlação de forças entre o PT e o PSDB em nosso país.

O maior escândalo da história recente desse país, não apenas de corrupção, mas de entreguismo, de traição nacional, foram as privatizações das grandes empresas brasileiras como a Vale do Rio Doce e a Telebras, episódio conhecido como Privataria Tucana.

Durante o governo Fernando Henrique, todos que exerceram a presidência do Banco Central foram envolvidos em escândalos, alguns foram condenados, mas ninguém foi preso. Gustavo Franco foi responsável pelo PROER, que destinou bilhões para bancos quebrados. Seu sucessor Francisco Lopes ficou famoso por suas íntimas relações com Cacciolla do Banco Makra, que levaram os cofres públicos a um prejuízo bilionário   durante a mega desvalorização do real após a reeleição de FHC. Nomeado em seguida, Armínio Fraga elevou a taxa de juros do país para 45%, transferindo imediatamente bilhões para os banqueiros.

Enquanto os principais quadros do PT paulista foram presos e tiveram seus direitos políticos caçados, não podendo concorrer às eleições, o Mensalão do PSDB, o original, criado em Minas Gerais, durante o governo de Eduardo Azeredo não foi sequer julgado. Esta foi a origem do valerioduto tucano, esquema de financiamento irregular de campanhas, criado por Marcos Valério, ligado aos tucanos. 

A anulação, por parte de Gilmar Mendes, juiz carnalmente vinculado ao PSDB, da decisão unânime do TSE, por 7 a 0, de conceder direito de resposta ao PT na Revista Veja é apenas  uma demonstração a mais do compromisso de setores do judiciário com o retorno das velhas oligarquias ao poder.

Com relação às recentes manchetes contra a Petrobras, pautadas a partir de seleções do depoimento de dois bandidos que chegaram à empresa pelas mãos do PSDB, o Conselheiro Nacional do Ministério Público, professor Luiz Moreira, realizou uma grave denúncia contra a “tentativa de interferência na disputa eleitoral (…) Há uma engenharia responsável pelo vazamento que seleciona criteriosamente que partes devem ser divulgadas e o momento adequado para que o vazamento chame mais atenção e cause mais impacto nos eleitores (…) Cria-se a sensação de que estamos num vale-tudo e que o sistema de justiça além de imiscuir-se na disputa eleitoral também não tem compromisso com a ordem jurídica.”

Sem meias palavras, trata-se de uma tentativa de Golpe Eleitoral que se utiliza de uma cobertura de pseudolegalidade similar à utilizada no Golpe que removeu Fernando Lugo da presidência do Paraguai.

As intervenções do imperialismo têm como objetivo impedir o surgimento de um mundo multipolar


Mas, a mais contundente prova das ações de desestabilização que estão em curso, que não pode deixar nem os mais incautos tranquilos é a própria ação do imperialismo pelo mundo. Estamos indo às urnas em meio a diversas guerras que sangram todos os cantos do planeta.

Quem conhece história e acompanha a intensificação dos conflitos em todo o mundo, não pode deixar de relacionar essas eleições com a conjuntura internacional. 

A Crise do Capital e seus desdobramentos, após sua contundente manifestação em outubro de 2008, voltou a colocar em xeque o mundo unipolar que surgiu após a Guerra Fria. A perda de influência dos Estados Unidos se acentuou em todo o mundo e propiciou o surgimento de diversos blocos contra-hegemônicos, como a CELAC e os BRICS, que apontam para uma nova geopolítica e para um mundo multipolar.

Quando Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os BRICS, reuniram-se em Fortaleza com os 33 países latino-americanos e caribenhos que formam a CELAC, logo após a Copa do Mundo, e adotaram medidas concretas contra a hegemonia norte-americana, como a criação de um banco internacional, os Estados Unidos decidiram intensificar suas ações para minar essa aliança.

A lista de ações desse tipo do Imperialismo é gigantesca. Somente nos últimos anos, durante o governo Obama, podemos destacar, longe de citar todos os casos:

Afeganistão: ocupação militar e desestabilização; América Latina: Criação da Aliança para o Pacífico para confrontar o Mercosul; Argentina: ação dos fundos abutres e pressão do Clarin; Bahrein: repressão contra os xiitas; Bielorrússia: manifestações contra Lukashenko; Bolívia: Bloqueio do avião de Evo Morales; Brasil: ações fascistas durante junho de 2013; China: estímulo ao separatismo; Coreia do Norte: constantes provocações e ameaças militares; Costa do Marfim: golpe de Estado contra o presidente Laurent Gbagbo; Cuba: bloqueio, desestabilização e criação da rede social Zunzuneo; Egito: "Primavera Árabe", condução ao poder e depois derrubada da Irmandade Muçulmana; Equador: tentativa de golpe contra Correa; El Salvador: introdução de armas ilegais que caem nas mãos dos grupos de extermínio causadores da violência no país; Rússia: grupos terroristas do Cáucaso; Haiti: indicação do presidente Martelly anos após golpe de Estado; Honduras: Golpe de Estado contra Zelaya; Hong Kong: Occupy central para atingir a China; Iêmen: constantes ataques de drones; Irã: desestabilização, assassinato de cientistas e bloqueio; Iraque: ocupação militar e criação do Estado Islâmico; Líbia: bombardeios, financiamento de mercenário e assassinato de Gadaffi; Mali: guerra civil após desestabilização da Líbia; Palestina: financiamento e armamento do estado racista de Israel; Paquistão: desestabilização e constantes ataques de drones; Paraguai: Golpe de estado contra o presidente Lugo; Quirguistão: Insuflação de conflitos étnicos e divisão do país para manter a Base Aérea de Manas; Síria: criação do Estado Islâmico e guerra civil no país; Somália: desestabilização através de radicais mercenários; Sudão: separatismo e criação Sudão do Sul para repartir petróleo; Tunísia: "Primavera Árabe"; Ucrânia: Golpe e chegada ao poder de grupos nazistas; Uganda e Quênia: caso "Kony" e militarização da região; Tailândia: Golpe de Estado; União Europeia: desestabilização do euro; Venezuela: tentativa de golpes com o não reconhecimento das eleições e sabatogens econômicas.

Resistir à direita, é, nesta conjuntura eleitoral, ser revolucionário


Neste momento um retrocesso tático (processo eleitoral brasileiro) pode significar um retrocesso estratégico em todo o continente latino-americano, ao aumentar a pressão do imperialismo que busca destruir os processos de mudanças e as conquistas obtidas pelos povos das regiões. O sonho do imperialismo é  utilizar nosso país como plataforma de agressão contra os nossos vizinhos.

Não existe porque hesitar em defender a candidatura de Dilma Roussef à reeleição como presidenta do Brasil. Isolar os setores mais reacionário das oligarquias, impedindo-os de chegarem ao governo é a batalha dos próximos dias.

Além da postura altiva em defesa da soberania nacional frente às agressões imperialistas, o governo Dilma manteve no plano interno, mesmo com limitações visíveis, a defesa do emprego, a valorização do salário mínimo e a elevação dos investimentos em educação (o acesso ao ensino superior dobrou em 12 anos) e saúde (Mais Médicos), entre outras medidas. Sabe-se que, por mais importantes que sejam, essas medidas não resolveram problemas estruturais, mas contra isso se insuflam as oligarquias reacionárias, como em 1964. Ontem, como hoje,  não aceitam nenhuma reforma que altere sua lógica de acumulação.  

Chamar o voto nulo dizendo não haver  diferenças entre os projetos em disputa, é, ao mesmo tempo, uma leitura reducionista e anti dialética da nossa realidade e a perda do bom senso contrariando a visão de todos os dirigentes dos países latino-americanos que passaram por processos revolucionários, e que torcem pela reeleição de Dilma. É uma demonstração da falta de acuidade de análise geopolítica daqueles que  nunca entenderam porque sofremos a derrota do Golpe de 1964.

Como disse Simón Bolívar, Libertador da América Latina, “Os Estados Unidos parecem destinados pela providência a infestar a América com misérias em nome da Liberdade”. Caberá ao povo brasileiro, junto às suas lideranças consequentes, frustrar os planos daqueles que querem destruir o Brasil, pátria mãe de nossos filhos e filhas.

Reeleger Dilma é defender o Brasil e a América Latina da intervenção direta do imperialismo norte-americano!

Aluisio Pampolha Bevilaqua, editor chefe do Jornal Inverta

Ana Alice Pereira, diretora do CEPPES

Andre Laino, Professor da UENF

Antonio Cícero Cassiano Sousa, diretor do CEPPES

Gaudêncio Frigotto, professor da UERJ

Georgina de Queiroz dos Santos, professora da UNISUAM

Gilberto Palmares, deputado estadual PT/RJ

Hildemar Luiz Rech, professor da FACED-UFC

Lincoln de Abreu Penna, presidente do MODECON e professor da UFRJ

Marly de Almeida Gomes Vianna, UNIVERSO, RJ

Nicolino Trompieri Filho, professor da UFC

Paulo Ramos, deputado estadual pelo PSOL/RJ

Sandra Regina Pinto Santos, diretora geral do ISERJ

Sérgio Sant’Anna, professor da UCM

Theotonio dos Santos, professor da UERJ, presidente do CEPPES e da REGGEN

Zacarias Gama, professor da UERJ


Sunday, October 12, 2014

ESQUERDA UNIDA EM TORNO DE DILMA SAI ÀS RUAS EM SÃO PAULO




São Paulo, 11 OUT – Frente à ameaça de um retorno do Brasil ao neoliberalismo, uma parte representativa de diversas agremiações da esquerda brasileira saiu às ruas ontem para declarar apoio à candidatura de Dilma Rousseff.

Em três atos consecutivos (um com enfoque na unidade dos movimentos sociais e dois de destinados à combater a onda conservadora e fascista desatada em São Paulo depois do primeiro turno das eleições), quase duas mil pessoas reuníram-se ontem no Largo do Arouche, centro da capital paulista.

Estiveram presentes no ato figuras PT historicamente ligadas aos movimentos sociais e que desta vez não resultaram eleitos nas votações devido à girada conservadora nas instâncias parlamentares, como Adriano Diogo, Renato Simões e Eduardo Suplicy, assim como figuras intelectuais que historicamente ligam-se à esquerda.

Marilena Chauí, filósofa docente da Universidade de São Paulo, apresentou uma série de denúncias em relação à candidatura neoliberal de Aécio Neves: “Elimina-se o conceito de direitos e troca-se por serviços, privados e pagos, ferindo assim o coração da democracia, disse”.

Também esteve presente Jean Willys (eleito deputado federal pelo PSOL-RJ), que foi um dos primeiros de seu partido (que liberou os militantes a votarem individualmente) a decidir apoiar Dilma Rousseff no segundo turno.

Fernando, jovem militante do Movimento de Luta Contra o Neoliberalismo disse ao INVERTA: “Não podemos hesitar. Quem acha que o Neoliberalismo pós-crise vai ser uma reedição do neoliberalismo dos anos 90, quando o centro do capitalismo mundial estava enchendo a barriga de dinheiro com o desmonte do Campo Socialista, se engana. A ameaça de um neoliberalismo do século XXI é a ameaça de um neoliberalismo beligerante, da política econômica de um capitalismo agonizante que precisa impor militarmente seu poder a todo o planeta para continuar existindo enquanto sistema. Com todas as críticas que possamos fazer, é mais do que necessário assumir a defesa combativa dos doze anos do governo Lula-Dilma e da candidatura de Dilma em 2014”.



Wednesday, October 1, 2014

Votar em Dilma é defender o Brasil!

Passados cerca de 6 anos da eclosão da recente crise capitalista, o que se observa de novo é uma lenta recuperação das economias centrais e uma queda no ritmo de crescimento dos chamados países emergentes, entre estes, o Brasil. O declínio do ciclo de crescimento, nestes últimos, reflete-se de forma mais acentuada nas condições de vida dos trabalhadores e na disputa entre as oligarquias, ameaçando governos não alinhados com o imperialismo e aumentando as dificuldades econômicas dos chamados países emergentes e em desenvolvimento.

Os comunistas revolucionários agrupados no PCML, armados da ciência do marxismo-leninismo, vêm apresentando à classe operária os resultados de seus estudos e o diagnóstico de que estamos diante de uma grave crise do sistema capitalista que pode ser qualificada como uma Crise de Transição. Não há, definitivamente, solução dentro desse sistema que apenas gera miséria e torturas para os trabalhadores, como observou Marx.

Desta forma reafirmamos que apenas uma verdadeira Revolução Comunista em nosso país será capaz de romper com as amarras com as quais o imperialismo suga nossas riquezas, operando uma transferência massiva de mais-valia para o centro do sistema, talvez somente comparável à Acumulação Primitiva de Capital que Marx analisou em sua obra máxima.

Os eventos mundiais (Copa do Mundo e Olimpíadas) obviamente aquecem a economia, essencialmente a construção civil e o turismo, no entanto, estas atividades implicam no combate à economia informal, especialmente através do discurso do combate ao tráfico de drogas, o que transforma bairros proletários em zonas de guerra, acarretando no aumento da violência nas grandes cidades.

Desde a eclosão da última crise em 2008 também é possível dizer que o imperialismo, além de intensificar o horror econômico, aumentou o horror da guerra. São milhares de mortos, milhares de pessoas deslocadas de seus territórios de origem (pogrons) e destruição de importantes equipamentos de infraestrutura. A lista de países alvos da fúria genocida e calculada do imperialismo é extensa: Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Palestina, Ucrânia e tantos outros! As diversas guerras localizadas e contínuas parecem substituir os grandes conflitos mundiais já vivenciados pela humanidade. Mas não há quem não acompanhe razoavelmente o que ocorre em volta para não se perguntar sobre se um conflito maior não está por vir. As ações do imperialismo exigirão rigor dos futuros historiadores em classificá-las: semelhantes a Hiroshima e Nagasaki? Aos extermínios de homens, mulheres e crianças nos campos de concentração nazistas?

Trata-se de uma verdadeira Guerra de Classes, na qual interesses antagônicos se medem cotidianamente. Como em qualquer guerra, há momentos de atacar e momentos de defender, e o papel do estado maior central da classe operária, seu Partido Comunista, é o de acumular forças, sem ilusões, para o embate final futuro que é uma necessidade histórica.

Posto isso, qual é a candidatura que dentro desse complexo quadro internacional, marcado pelo recrudescimento das guerras imperialistas em todo o mundo, pode representar efetivamente uma posição defensiva da classe operária?

O Partido Comunista Marxista-Leninista, indica a todo o proletariado e seus aliados o voto na candidata Dilma Rousseff. Dilma, embora tenha adaptado suas ideias de transformação da realidade brasileira, de acordo com a nova situação vivida pelo país, diante da atual correlação de forças e desenvolvimento da consciência revolucionária do povo brasileiro, por sua trajetória de vida, de origem humilde e revolucionária, chegou ao limite máximo de moral e idealismo revolucionário combatendo em armas a ditadura militar do capital no Brasil. Foi presa e torturada, sobreviveu e foi coerente com suas posições até os dias atuais; sua passagem pelo PDT aos tempos da liderança de Leonel Brizola deveu-se a uma posição política adotada por uma parte do egresso grupo de esquerda liderado por Carlos Lamarca, cuja análise das mudanças da realidade mundiais e do Brasil compreendia o espaço para a construção de um partido de massas capaz de assegurar a democracia no país e o conjunto de liberdades contidas nesse conceito que propiciasse o desenvolvimento do país, permitindo que o povo trabalhador saísse das amarras da opressão, da miséria absoluta, e da situação de analfabetismo extremas, fortalecendo a sua consciência e acumulação de forças para um posterior momento de lutas e transformações mais decisivas rumo à sua libertação.

Como presidenta do Brasil, Dilma demonstrou a força de seu caráter, ao não ceder às pressões que pediam por um alinhamento automático ao imperialismo estadunidense. Isso ficou comprovado em seu corajoso discurso na ONU contra a espionagem promovida pela NSA, e pela reação a esse escândalo, que resultou no cancelamento de sua visita de Estado aos EUA, apesar do choro dos monopólios da imprensa.

Dilma também iniciou uma importante política de valorização do papel do Estado, ainda que tímida, diante das mazelas geradas pela Crise do Capital. Dentro desse contexto, deve ser defendida a forma de enfrentamento às consequências da crise: casas populares e aumento do investimento em saúde e educação. Aqui se destaca a destinação de 75% dos royalties do Pré-Sal para a educação e 25% para a saúde e o programa Mais Médicos, que mesmo não resolvendo os problemas estruturais nessa área, investe seriamente, com o apoio solidário da Revolução Cubana e de seus médicos, no combate à falta de assistência médica e às desigualdades regionais.

No entanto, a melhor resposta ao agravamento do quadro geopolítico internacional foi a VI Cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada em Fortaleza, no último 15 de julho. A Declaração da Cúpula representa um passo importante na configuração de um bloco que se alinha na contra-tendência ao imperialismo mundial. O que fica claro nas duas medidas aprovadas: a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e o do Fundo Monetário do BRICS, contraponto à hegemonia imperialista no Banco Mundial e no FMI (Fundo Monetário Internacional). Além da reunião dos 5 membros do BRICS, houve encontro com os 33 países da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), sinal da importância que o Brasil atribui ao bloco regional.

O Novo Banco de Desenvolvimento tem como objetivo mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável dos países do BRICS e de outras economias emergentes e em desenvolvimento. O capital inicial autorizado será de US$ 100 bilhões.

O fundo comum de reservas, também aprovado no encontro, terá uma quantia inicial de US$ 100 bilhões.

O sucesso da Cúpula do BRICS pode ser considerada a segunda Copa do Mundo da Presidenta Dilma Rousseff. Se o cenário de desestabilização não ocorreu na Copa, as eleições presidenciais são o novo campo de batalha. Se as eleições são terreno onde as classes dominantes se sentem à vontade para manter sua dominação, há elemento diferencial a ser considerado: mesmo o terreno eleitoral oferece, nas circunstâncias atuais, pouca segurança para o capitalismo em sua fase terminal. Aproveitar o acirramento dessas contradições para isolar os setores mais reacionários das oligarquias e avançar nas condições subjetivas para a revolução deve ser o objetivo central dos comunistas revolucionários.

Diante do fracasso da candidatura de Aécio Neves, as oligarquias aplicaram um golpe de mestre, sacrificando um de seus candidatos, em uma demonstração de desespero, buscando uma inversão de último minuto baseada em uma forte campanha midiática para tentar emplacar a candidatura de Marina Silva, hoje, mais do que nunca, representante do setor financeiro internacional e dos grandes bancos privados, como comprova sua proposta de independência do Banco Central. Esse fato novo, demonstra a guinada cada vez mais a direita dessa candidata, que já nas eleições de 2010 serviu-se a esse papel.

Já a esquerda oportunista, que cresceu na representação mímica de Marina Silva e do PV, conduzindo o processo eleitoral brasileiro à dramática ameaça do retrocesso de suas conquistas, podendo por isso receber uma lição dos eleitores. É temerário e deseducador afirmar que não há diferença entre o governo do PT e o do PSDB, como faz a esquerda eleitoral (PPL, PSOL, PCB, PSTU, etc), ou mesmo, considerar acriticamente como um grande ascenso das massas as ditas “manifestações de junho”, mencionando em suas análises apenas as bandeiras progressistas levantadas, mas omitindo os episódios fascistas e o fato de que as mesmas foram manobradas e insufladas pela Rede Globo e pelo imperialismo através de suas “redes sociais”.

Marina Silva, que recebeu financiamento pessoal de banqueiros e de especuladores internacionais como George Soros, assumiu a falácia do discurso da terceira via, transitando seu discurso cada vez mais de uma sindicalista ligadas aos povos da floresta, como foi Chico Mendes, para um ambientalismo eco-capitalista. Isso não deve ser considerado isoladamente, mas deve ser visto do ponto de vista tático e estratégico. Sobretudo, no caso do Brasil por sua composição orgânica do capital, conforme analisado no Editorial da edição 459 em 06/06/2012:

“dada a sua conexão com a economia dos centros imperialistas, seja pela estrutura de articulação da economia (exportações, importações, fluxo financeiro, dívida pública e privada, taxa de câmbio, tecnologia, etc.) seja pelo receituário da economia política oficial, [O Brasil] será arrastado, independente, da força da organização subjetiva da classe revolucionária no país, ao inexorável abismo da erosão do paradigma de valor – isto é – a perda da efetividade da relação tempo/trabalho necessário como medida de riqueza na sociedade. Tal processo é derivado das distintas composições orgânicas de capital das economias interconectadas, que por relação inversa na composição de valor do trabalho objetivado remonta às trocas desiguais como instrumento fundamental de sustentação do PIB dos países imperialistas e da economia mundial. Nesta lógica, a apropriação do tempo excedente dos países em que vige o paradigma do tempo/trabalho necessário é para os países do capitalismo avançado a condição de sustentação das relações capitalistas de produção e consumo, mesmo que objetivamente vija já como fundamento da economia o paradigma do tempo/trabalho livre dada a redução ao mínimo do tempo necessário em relação ao excedente. Nestas condições, cada crise vivida pelos países capitalistas em desenvolvimento e os subdesenvolvidos que é superada com base no paradigma da mais-valia relativa pelo aumento da composição orgânica do capital, a tendência histórica é cada vez mais caminhar para o abismo da crise de paradigma de valor. Eis o mistério que arrasta o Brasil à crise do capital e o segredo também da campanha dos centros imperialistas pela economia verde. Esta última se apresenta cada vez mais como antolho à tendência histórica da crise do capital, de transitar do paradigma do tempo/trabalho necessário para tempo/trabalho livre social, que exige, inexoravelmente, a transformação de todas as relações sociais de produção do capitalismo para um modo de produção social superior: o comunismo”.

Votar em Dilma não é apenas assegurar as mínimas conquistas neste período de 12 anos de mandatos consecutivos do Partido dos Trabalhadores, mas a certeza da continuidade do caminho democrático do país, sua relação de respeito político com os demais países da América Latina e não permitir o retrocesso e a aventura imperialista das oligarquias, que dominam a economia e as estruturas arcaicas da sociedade. É garantir a continuidade da luta do povo brasileiro e latino-americano à sua libertação que se fará inexoravelmente diante das difíceis decisões e dramáticas ações decorrentes da crise do capital no país e no mundo. Por isso nosso voto continua em Dilma Rousseff!

Isto não significa um apoio acrítico ou que nos iludamos com as possibilidades de conquistar os objetivos históricos da classe operária e do povo pobre no país através do processo eleitoral e de governos dentro das regras do capital, mas a clara análise que diante da correlação de forças do momento histórico esta via de luta cumpre importância fundamental para o prosseguimento da luta sob novas condições que necessariamente estão por vir.

Nestes termos, nossas palavras de ordem são:

Defender o povo brasileiro!

Votar em Dilma Rousseff!

Derrotar Marina, Aécio e o plano reacionário das oligarquias!



link ddo original: http://inverta.org/jornal/agencia/politica/votar-em-dilma-e-defender-o-brasil

Wednesday, March 5, 2014

Para entender algumas perspectivas de classe na Ucrânia atual

Eduardo Krajni, para o Batalha de Ideias.

PARTE I


A sucessão dos últimos acontecimentos na Ucrânia se dá numa velocidade tal, que quem queira escrever sobre os mesmos deve fazê-lo rápido. A presteza do reconhecimento dos acontecimentos, no entanto, pode resultar numa análise superficial, que deixa de considerar alguns elementos importantes quando se pensa no maior país do leste europeu. Algumas análises demasiado simples andam a circular, apresentando o problema ucraniano como apenas uma questão externa, colocando a Ucrânia como a metade do cabo de guerra entre as potências da OTAN (EUA, Alemanha e Polônia, principalmente) e a Rússia. Certamente a influência e a confluência de diferentes interesses extrenos aos interesses da classe trabalhadora ucraniana estão no centro do jogo. Não se pode, no entanto, tratar a questão de maneira reducionista, de forma a esquecer ou desconsiderar a luta pelo aparato político-econômico dentro das frações de classe da burguesia ucraniana que permitiu que a crise aflorasse e fosse capitaneada pelos interesses de diferentes setores do capital financeiro internacional.

Uma análise desde o materialismo histórico deve levar em conta fatores diversos, e que por sua complexidade dificilmente poderão ser abarcados em sua totalidade neste artigo (já extenso e divido em duas partes) e que precisa, pela velocidade dos acontecimentos, ser publicado para esclarecer algumas coisas aos interessados em olhar a situação desde a perspectiva da classe trabalhadora.

Tentaremos, no entanto, elucidar alguns pontos que julgamos imprescindíveis para a compreensão dos acontecimentos, passados e futuros. Em primeiro lugar, deve-se dizer que a Ucrânia é um estado nacional pós-soviético, ou seja: um estado onde o projeto político e econômico da classe operária no Leste Europeu (o socialismo soviético) foi derrotado pelo mesmo golpe contrarrevolucionário que teve consequências catastróficas para todos os povos oprimidos do mundo. A classe operária soviética (da qual a ucraniana formava parte intrínseca) foi desorganizada, seus quadros dirigentes ostracizados e seu partido político, “aburguesado”. No plano econômico deve-se levar em conta a reestruturação industrial completa da Ucrânia levada a cabo pela nova burguesia, que levou um país praticamente auto-suficiente à condição de exportador de matérias-primas e suplementos industriais, segundo os interesses do imperialismo.

I. Frações de classe burguesas na Ucrânia pós-soviética

Para entender o aparecimento da burguesia no espaço pós-soviético, penso ser necessário refletir um pouco sobre a aparição dos interesses de classe da burguesia no momento imediatamente anterior ao golpe contrarrevolucionário de 1991/1992. O professor moscovita A. Kharlámenko possui um tese interessante a respeito, da qual traduzimos e reproduzimos um pequeno pedaço:

“(...) Assim, quem faz o papel [de força hegemônica da contrarrevolução] é um grupo social específico que, não compondo ainda uma classe em si, estava já em grande parte integrado ao sistema capitalista mundial e possuía fortes ligações com a oligarquia monopolista-estatal do imperialismo (…). Fala-se, antes de mais nada, daquela parte do aparelho administrativo que mediava as relações com o mundo capitalista, especialmente as econômicas (importações, exportações, crédito, etc.); (…) À medida em que os países socialistas tornavam-se periferia econômica dos centros imperialistas, à medida em que convertiam-se em exportadores de matéria-prima energética (e outras) e suas relações com o mundo capitalista tornavam-se relações de dependência, mais o grupo social que mediava essas relações passava objetivamente de representante dos interesses do socialismo a fator da destruição do mesmo, passava ser o condutor da lógica do capitalismo dentro do socialismo. É nessa qualidade objetiva, e não na primazia de certos “agentes de influência” que [este grupo] tornou-se a força hegemônica do golpe contrarrevolucionário, e mais tarde o centro dominante e administrador da nova burguesia, coisa que é em parte testemunhada pelas biografias dos “senhores da vida” russos de hoje em dia.” (KHARLÁMENKO, 2009)

Na Ucrânia, como na Rússia, observa-se a ascensão de dois grupos distintos imediatamente após a retirada do poder político das mãos do proletariado.

Um deles é a fração que na Rússia foi representada pela dupla Gorbachov/Iéltsin e assumiu o poder imediatamente após a derrubada do socialismo, menos ligado às esferas da produção e mais atrelado aos desejos do capital financeiro dos centros imperialistas com interesses na região. Na Ucrânia, esse grupo era representado pelos ex-presidentes Yúlia Timoschénko e Víktor Yúschenko, e tomou ares mais radicais com a subida ao poder do bloco que liderou a “Revolução Laranja” de 2004 (os recém-empossados presidente Aleksándr Turchínov, primeiro-ministro Arsêni Yatseniúk e os mesmo Timoschénko e Yúschenko, etc.).

O projeto deste grupo é o projeto da União Europeia, dos Estados Unidos, do FMI e da OTAN. Para resumir em uma palavra, é a expressão política do neoliberalismo no espaço pós-soviético. Trata-se do grupo que, na Rússia de Iéltsin, privatizou o monopólio estatal de energia e que, na Ucrãnia de Yúlia Timoschénko (2008-2010), contraiu três quartos dos US$ 12,6 bilhões que o país emprestou do FMI nos últimos vinte anos.

Apesar de ter no neoliberalismo e no recente acordo com a UE um ponto de unidade, esse grupo passa de longe de ser um bloco unitário. Entre as associações majoritárias e que compõe a coalizão que, sob os auspícios do ocidente deflagrou a “Revolução Laranja” (2004), estão os partidos Batkívschina (Pátria, de Timoschénko, Yatseniúk e Turchínov) e Nasha Ukraina (Nossa Ucrânia, do ex-presidente Víktor Yúschenko).

Sócios até então minoritários e sem representação parlamentar de peso, mas peça chave para entender a maneira como o imperialismo joga com as frações de classe internas da Ucrânia, estão os partidos de extrema-direita Udár (Golpe, cuja figura proeminente é o ex-boxeador Vitáli Klitchko e que mantém ligações estreitas com a Alemanha) e o bandeirista Svobóda (Liberdade, do fascista Oleg Tiaguinbók, que mantém relações diretas com o Departamento de Estado estadunidense). Há ainda agremiações menores de extrema-direita (por vezes declaradamente fascistas), como a Assembleia Nacional Ucraniana–Autodefesa Nacional Ucraniana (ANU-ANU).

Já o outro grupo que logrou tornar-se proprietário/administrador dos grandes monopólios energético-produtivos que existiam no espaço soviético (dominado pela indústria de máquinas e pela extração de carvão e localizado na parte Leste do rio Dnépr) é o liderado por Víktor Yanukóvich e seu Partido das Regiões, algo similar ao grupo ligado à Putin e sua Rússia Unida, na Federação Russa.

Mais voltado ao capital produtivo do que ao financeiro, o poder nas mãos do Partido das Regiões é o poder dos oligarcas industriais ucranianos e russos ligados à extração de carvão e à metalurgia. Um dado representativo é de que em 2008 a quantidade de bilionários na Ucrânia era de 8 pessoas. Em 2011 a cifra sobe para 21.

Uma rápida olhada na sucessão presidencial dos últimos tempos mostra, pelo menos de maneira superficial, que esta poderia ser mais uma das reviravoltas internas que refletiam, de uma maneira ou de outra, a correlação de forças entre os dois grupos dominantes da burguesia ucraniana. Desde a “Revolução Laranja”, o setor ligado ao capital financeiro internacional forçara sua entrada no poder executivo e fizera com que houvessem algumas tentativas de pactos nacionais entre os setores da burguesia. Yanukóvich, por exemplo, que havia sido apontado como primeiro-ministro em 2004, foi deposto pela “Revolução Laranja” e em seu lugar entraram Víktor Yúschenko e Yúlia Timoschénko. Logo, em 2006, depois de um período de grande instabilidade política e diante da falha em criar uma coalizão de apoio (o que provou, em grande medida, que a “Revolução Laranja” carecia de qualquer base interna popular), as forças de Yúschenko e Timoschénko vêem-se fragmentadas diante do bloco criado pela oposição: O Partido das Regiões (de Yanukóvich), o Partido Socialista Ucraniano e o Partido Comunista. Yúschenko lança então uma proposta de pacto social entre as frações dominantes, que é aceito em partes. Mais adiante, invertem-se os cargos e Yanukóvich torna-se presidente e Yúschenko primeiro-ministro. Timoschénko é enviada à cadeia por corrupção ativa, e assim por diante...

Mas, qual é o novo fator da recente revolta violenta na Praça da Independência? Em que difere a presente reviravolta dos tradicionais golpes e mudanças de poder dentro da coalizção de forças na Ucrânia?

II. O fascismo aberto como nova aposta do imperialismo

Como resultado de meses de protestos na Praça da Indepenência em Kiev, no dia 22 de fevereiro de 2014, manifestantes armados e opostos ao governo de Víktor Yanukóvich anunciam a deposição do mesmo e a criação de um governo de transição. Os Estados Unidos e a Europa reconhecem imediatamente o novo governo, e passa-se ao espólio de guerra entre as forças opositoras.

Yúlia Timoschénko, então presa por corrupção ativa e desvio de dinheiro público, é imediatamente solta, mas anuncia que não estaria interessada em concorrer à presidência do país. O mesmo o faz o seu ex-companheiro de cargo, Víktor Yúschenko.

Uma olhada superficial na composição do novo governo, que leva Arsêni Yatseniúk e Aleksándr Turchínov (ambos da cúpula da Batkívschina, partido de Timoschénko, que liderou a “Revolução Laranja”) como primeiro-ministro e presidente, respectivamente, parece dizer: “mais do mesmo”. Trata-se de uma percepção apenas superficial. A característica principal e a inovação que permite algumas asserções sobre o caráter e a maneira como o imperialismo lidará com o governo de transição é a distribuição dos cargos ligados à segurança nacional. Com pífia representatividade popular, o partido Svobóda (Liberdade) ficou com seis dos cargos executivos do novo governo. Que partido é esse?

Entre meados de janeiro, a imprensa mundial dava destaque, entre outras imagens dos violentos distúrbios na capital ucraniana Kiev, à decapitação de uma estátua de Lênin. Os autores não tardaram a aparecer: todos militantes do Svobóda (Liberdade), que, como seu irmão Frente Nacional Francesa, insere-se no espectro daqueles que realizam marchas em homenagem aos veteranos da SS (a polícia secreta nazista). O Svobóda têm como referência máxima o líder nacionalista ucraniano Stepan Bandera (1909–1959) , principal colaborador de Hitler na Ucrânia e entusiasta dos assassinatos em massa de judeus e poloneses durante a Segunda Guerra Mundial.

Antes de 2004, o Svobóda era conhecido como o Partido Nacional-Social da Ucrânia e usava o “Wolfsangel” nazista como símbolo. Durante os protestos, o Svobóda fez o papel de guarda das manifestações (através de seu braço paramilitar, os Camisas Marrons), e recentemente atacou um estudante de esquerda que tentava, desavisado sobre o que realmente eram os protestos, gritar palavras de ordem sobre a igualdade econômica e de gênero. Mais ainda, alguns dias depois, militantes do partido atacaram e feriram seriamente a dois sindicalistas, acusando-os de comunistas.

Andrei Parúbi, fundador do partido Svobóda com Oleg Tiaguinbók, foi desigando secretário do Comitê Nacional de Defesa e Segurança (CNDS), entidade que controla diretamente o Ministério da Defesa, as Forças Armadas, o Judiciário, a Segurança Nacional e a Inteligência.

Parúbi foi uma das figuras proeminentes da “Revolução Laranja” de 2004, e seu partido era fortemente financiado pelo Ocidente. Atualmente, os grandes meios de comunicação referem-se a ele como kommendant (comandante militar) dos protestos na Praça da Independência.

O segundo secretário do CNDS, apontado pelo próprio Parúbi, também não deixa dúvidas de sua procedência. Dmitro Yárosh, deputado parlamentar e líder da coalizão parlamentar de extrema-direita Právi Séktor (Setor de Direita) foi, durante os protestos que depuseram Yanukóvich, chefe do batalhão dos Camisas Marrons, que garantia os enfrentamentos armados dos opositores com as forças de segurança nacional. Entre as propostas que Yárosh levou ao parlamento está a proibição do Partido Comunista da Ucrânia.

Oleg Makhítski é o novo Procurador-Geral da Ucrânia. Oleksándr Sich foi apontado como vice-primeiro ministro para assuntos econômicos. Sich é muito conhecido por sua longa campanha parlamentar pela proibição do aborto na Ucrânia (incluídos os casos de gravidez por estupro). O Ministério da Educação ficou com Serhi Kvit e os da Ecologia e Agricultura com Andrei Makhnik e Igor Shvaiko, respectivamente. Todos militantes do Svobóda.

Mas o fascismo controla ainda outros setores do chamado governo de transição: Tatiána Chernovol, retratada pela mídia ocidental como uma jornalista investigativa sem qualquer menção ao seu envolvimento passado com a organização declaradamente anti-semita Assembleia Nacional Ucraniana–Autodefesa Nacional Ucraniana (ANU-ANU) foi nomeada presidente do comitê anti-corrupção. Dmitro Bulátov, também ligado à ANU-ANU, foi apontado ministro da juventude e dos esportes. Mais ainda, Igor Sobolev, líder de um dos grupos civis na Praça da Independência e politicamente muito próximo a Yatseniúk (do Batkívschina, atual primeiro-ministro), foi nomeado presidente do Comitê de Lustrismo. Na década de 90, Lustrismo foi o nome dadoaos comitês governamentais dos estados pós-soviéticos encarregados de expurgar do governo e ostracizar da vida pública os ex-dirigentes acusados de “colaboração com o regime comunista”.

Curiosamente, o gabinete inteirino forrado de fascistas adequa-se inteiramente ao gabinete sugerido pela Secretária de Estado para Assuntos da Europa e Eurásia, Victoria Nuland, no mesmo telefonema interceptado ao embaixador estadunidense em Kiev que ganhou notoriedade no Ocidente pela expressão “Foda-se a UE”, utilizada pela ex-oficial da administração Bush.

III. Recados do imperialismo gringo, não só à UE

Quando vazou o telefonema supostamente confidencial de Victoria Nuland, o mesmo que causou alarde e furor nos grandes meios de comunicação europeus pela frase indecorosa de “Foda-se a UE”, os Estados Unidos mandavam não apenas um recado aos interesses dos imperialistas europeus na Eurásia, mas também visavam avisar à Rússia que suas pretensões iam muito além de uma recomposição dentro das facções já dominantes dentro do esquema de poder na Ucrânia.

De fato, a Ucrânia tem tomado posições dúbias, que oscilam entre os interesses dos Estados Unidos, os interesses da UE e os interesses da Rússia, desde o colapso da URSS. Nem uma fração nem a outra tem conseguido superar, por um lado, a sedução econômica, política e militar do capital financeiro internacional, e por outro, a certeza de vender seus produtos no mercado internacional (o comércio de exportação da Ucrânia vai todo para a Rússia e demais países da CEI).

Em 21 de fevereiro, portanto um dia antes de sua deposição, Víktor Yanukóvich assinou um acordo com a oposição da Praça da Independência,mediado por embaixadores da Rússia, França, Alemanha e Polônia, no qual virtualmente cedia à todas as principais demandas do movimento golpista, inclusive concordando em dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas. Nas palavras do presidente russo Vladímir Pútin, “Yanukóvich, ao assinar o acordo, praticamente entregou o poder”.

Em 22 de fevereiro, depois de um aperto de mãos com a oposição no dia anterior, Yanukóvich vai a Khárkov para um evento onde iria discursar. A oposição então declara vago o cargo de presidente e toma o poder através de uma votação duvidosa do Parlamento Supremo (Rada), onde os meios de imprensa alternativa denunciaram mais de uma vez a larga utilização de métodos de terrorismo fascista por parte dos Camisas Marrons contra os legisladores, para que votassem em seu favor.

Ao que parece, o capital financeiro internacional recorrera mais uma vez à ditadura aberta de seus elementos mais reacionários para fazer valer seus interesses.

(Continua)


COMUNICADO DA FARC-EP: OS POVOS DO MUNDO DEVEM ESTAR UNIDOS NA DEFESA DA REVOLUÇÃO BOLIVARIANA


COMUNICADO DA FARC-EP: A UM ANO DA MORTE DO PRESIDENTE CHÁVEZ TODOS OS POVOS DO MUNDO DEVEM ESTAR UNIDOS NA DEFESA DA REVOLUÇÃO BOLIVARIANA DA VENEZUELA".
Em 5 de março de 2013, os sentimentos e a razão dos povos venezuelano, caribenho, latino-americanos e do mundo foram estremecidos pela triste notícia da morte do Comandante e Presidente Hugo Rafael Chávez Frias. Como revolucionários socialistas e bolivarianos de toda a vida, os comandos e combatentes das FARC Exército do Povo sofremos, no mais profundo de nosso ser, a devastadora perda que para a felicidade dos povos significava a ausência definitiva de um líder com qualidades tão excepcionais.
O Tenente Coronel ficou conhecido mundialmente quando com um grupo de seus homens tentou tomar o céu por assalto naquele 4 de fevereiro; travou a partir de então uma formidável batalha contra todos os poderes injustos do planeta, liderou a luta do povo humilde de seu país pela recuperação da dignidade nacional, reconquistou para todos os explorados a esperança na revolução socialista, sem titubear se opôs à vontade arrogante do império, buscou com suas próprias mãos o caminho da integração continental, esmagou a voracidade da oligarquia de seu país e semeou o desconcerto nos países vizinhos.
Chávez, o incorruptível dirigente, amado e seguido pelo povo da Venezuela, o símbolo da soberania nacional e da independência latino-americana e caribenha, o farol que iluminava o caminho de libertação para os desenraizados do mundo, o extraordinário rebelde que desconcertava reis e déspotas, o gigantesco Libertador do século 21, nos deixou para sempre, deixando naqueles que aprendemos a admirá-lo, apoiá-lo e segui-lo, um angustioso sentimento de orfandade e desconsolo. Ter que continuar na luta sem ele, tal como nos aconteceu há seis anos atrás, quando também em março faleceu o Comandante Manuel Marulanda Vélez, chegou por uns momentos a parecer uma tarefa impossível.
Mas semelhantes titãs não passam pela Terra sem deixar uma marca indelével, sem semear suas ideias, seus sonhos e sua determinação com o verdadeiro arraigo na alma popular. Chávez deixou como legado um povo consciente, unido pela bandeira justiceira e igualitária de Simón Bolívar, fiel a sua causa anti-imperialista e socialista, organizado social e politicamente, disposto a combater quanto fosse necessário para defender a pátria e seus bens comuns. E legou também para o futuro um atado de quadros tão convencidos como ele da necessidade de conduzir acertadamente o movimento revolucionário. Todos eles, unidos e inspirados pelo exemplo de seu inesquecível mestre, assumiram a missão de seguir adiante até a obra culminar.
Com a visão sempre posta no porvir de país potência integrado às pátrias irmãs em um mundo multipolar, o Presidente Chávez se encarregou também de materializar a ferramenta para atingir esse fim, a construção de instituições inspiradas nos mais altos valores democráticos. A Constituição da República Bolivariana da Venezuela, produto da mais ampla Assembleia, foi submetida também à aprovação do conjunto das maiorias cidadãs nas urnas, estabelecendo de maneira inconversível um marco jurídico legítimo para a ação política dos venezuelanos e venezuelanas. A luta das massas, pela primeira vez na história latino-americana, atingiu o caráter de direito público e se fortaleceu ao infinito, contando com o firme apoio da Força Armada Bolivariana, um verdadeiro Exército do povo venezuelano.
Graças às previsões do Comandante, unidos sob a palavra-de-ordem “todos somos filhos de Chávez”, o governo do Presidente Nicolás Maduro, o bravo povo bolivariano, suas organizações políticas de avanço e sua força armada, enfrentam com valor e patriotismo heroicos a arremetida do imperialismo e da oligarquia reacionária, que pretende retroceder o país aos tempos de colônia dos Estados Unidos e fonte de enriquecimento para a burguesia corrupta. Milhares de vezes Hugo Chávez lhes jurou que “não voltariam jamais a governar a Venezuela”. Agora seu povo e seus continuadores à frente do processo e do governo se encontram empenhados em fazer cumprir esse juramento sacro.
Não é a primeira vez que o Império recorre às operações encobertas de desestabilização. É claro que sua mão trapaceira dirige as ações terroristas dos extremistas da direita fascista, ninguém pode duvidar que a campanha de desinformação executada pelos monopólios midiáticos norte-americanos, europeus e latino-americanos obedece um maligno plano concebido de antemão. A realidade do que ocorre na Venezuela é distorcida também pela diplomacia e as autoridades dos países vizinhos prostrados diante da vontade imperial. Uma autêntica trama, semelhante à empregada contra o governo socialista de Salvador Allende no Chile, está em curso contra a Venezuela. Inspira-a busca do capital multinacional de recuperar o controle sobre a fabulosa riqueza petrolífera do país.
Todos os povos do mundo devem estar unidos em torno da defesa da revolução bolivariana da Venezuela. Seu caráter democrático, humanista, bolivariano, terceiro-mundista, anti-imperialista, socialista, integralmente fraternal e tolerante, convertem-na em patrimônio moral e político da humanidade inteira. As FARC-EP, com motivo do primeiro aniversário da morte do Presidente Chávez, expressam nosso pleno sentimento de solidariedade com o governo de Nicolás Maduro e o bravo povo bolivariano. Não vacilamos em nos identificar com sua nobre causa, a apoiamos e definitivamente faremos o que estiver ao nosso alcance para favorecê-la. Convidamos toda a esquerda colombiana e latino-americana, e todos seus povos, a abraçar sem condições o governo democrático venezuelano.
O camarada Raúl Reyes, assassinado em Sucumbíos, advertiu sobre uma conspiração similar à que se forja hoje contra a Venezuela; que a paz da Colômbia é a paz do continente. Assim o reconheceu o Presidente Chávez, dedicando de maneira desinteressada seus melhores esforços à consecução desse propósito. Em memória dele e de sua obra, dizemos agora que a paz da Venezuela é pressuposto fundamental para a paz na Colômbia e toda a Nossa América. Mas assim como em nosso país, a paz da Venezuela não pode ser a pax romana imposta por obra da violência e do terror dos impérios, nem por uma sanguinária oligarquia reacionária. A única paz possível e verdadeira para nossos povos é a surgida da soberania nacional plena, da justiça social e da vontade majoritária de seus povos livres.
Havana, Cuba, 05 de março de 2014
SECRETARIADO DO ESTADO MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 05 de março de 2014


Traduzido por Tânia Sánchez para o Blog Batalha de Ideias

Wednesday, February 19, 2014

A luta de classes na Venezuela hoje


por Tânia Sáenz, para o Batalha de Ideias.

Foi anunciada outra tentativa de golpe de Estado na República Bolivariana da Venezuela. Os últimos acontecimentos, de 12 de fevereiro à data, desvelam que os planos golpistas seguem seu curso com táticas e tempos diferentes, mas com os mesmos atores que se obstinam em retomar o poder que perderam nas eleições, referendos, consultas legítimas e legais durante 15 anos.

É certamente uma lição de História: quando estão em jogo os interesses de classe, como ocorre na República Bolivariana da Venezuela, as regras do jogo, consolidadas para épocas ou conjunturas nas que a classe exploradora pode exercer sua hegemonia e poder de forma esmagadora, deixam de existir.

No marco dos atos de comemoração do 200° Aniversário da Batalha da Vitória, de 12 de fevereiro de 1814, quando o militar patriota José Félix Ribas e 200 jovens seminaristas e estudantes da Universidade de Caracas derrotaram as tropas realistas no estratégico Punto de la Victoria (Estado Aragua), a oligarquia venezuelana, dirigida pelos Estados Unidos, tentou “recriar” o golpe de Estado frustrado em 2002.

Muitas são as indagações e afirmações sobre o que está acontecendo no país. Uma análise simplista poderia levar à conclusão de que a população está descontente com o governo de Nicolás Maduro e decidiu tomar as ruas, já que, mesmo derrotada nas eleições municipais de 8 de dezembro de 2013, a oposição venezuelana continua atuando fora do marco constitucional, sem assumir a derrota e sem aceitar as formas de luta política vigentes. As tentativas de derrocar o processo bolivariano que começou em 1999 com a liderança do Comandante Hugo Chávez nunca cessaram.

O forte impacto emocional e político que se deu após o desaparecimento físico do Presidente Hugo Chávez sobre as classes populares foi aproveitado pela oligarquia para intensificar a guerra econômica e ideológica contra o povo. Após a vitória eleitoral do Presidente Nicolás Maduro em 14 de abril passado, os setores fascistas acharam que seu momento tinha chegado outra vez. A especulação de produtos da cesta básica, e também de faixa média e alta; o aumento da inflação; o descontrolado contrabando de petróleo, alimentos e outros produtos para a Colômbia; a fuga de divisas, etc., além do admitido problema da violência e segurança, que não podem ser entendidos sem os anteriores, esquentavam o ambiente.

A dúvida era se o novo Governo, que nasceu sob circunstâncias tão especiais e fortemente atacado por todos os lados, estaria à altura das circunstâncias. A resposta não demorou em chegar: o novo Governo, liderado por Nicolás Maduro, estava sim disposto a dar a batalha.

Enfrentou o tema da especulação e do encarecimento desorbitado dos preços. Conjuntamente com as comunidades organizadas, que configuram o que lá se chama de Poder Popular, foram realizadas centenas de inspeções que implicaram em fechamentos cautelares de estabelecimentos, abertura de processos judiciais de muitos especuladores, multas, fuga de empresários especuladores, etc.

Em 19 de novembro de 2013, a Assembleia Nacional aprovou A Lei Habilitante a pedido do Presidente da República, que “promete reforçar a ofensiva contra a Guerra Econômica que se orquestrou no país para roubar o povo”. Nicolás Maduro, em roda de imprensa, informou que “a partir de janeiro de 2014, iniciará com a mesma equipe de Governo uma nova ordem econômica que permita apoiar o povo… Com a Lei Habilitante vou deixar os preços onde têm que estar…”

O primeiro grande desenvolvimento da Lei Habilitante foi a aprovação da “Lei para o Controle dos Custos, Preços, Lucros e Proteção da Família Venezuelana” em 23 de janeiro de 2014. Dita Lei tem como objetivo “equilibrar a economia nacional e semear as bases da Nova Ordem Econômica proposta pelo Executivo, para que o país dê o salto para a industrialização, com base em preços e lucros justos…uma arma para enfrentar a guerra econômica que deixou em 2013 uma onda especulativa, quando empresários e comerciantes venderam produtos essenciais em até 2000% acima de seu valor real”, afirmou o Presidente.

Para pôr um fim à “captura” fraudulenta de divisas e atacar o mercado negro especulativo, o Instituto para a Defesa das Pessoas no Acesso aos Bens e Serviços (INDEPABIS) e a Comissão de Administração de Divisas (CADIVI) foram dissolvidos. Em seu lugar, foi criado o Centro Nacional de Comércio Exterior, que aglutina outras instituições relacionadas com o comércio exterior e que, nas palavras do Presidente, “supõe uma nova etapa. É a nova ordem econômica […] novos mecanismos que permitam pular a etapa aproveitada pelos inimigos da pátria […]. Não podemos seguir com o sistema do
cadivismo. Temos que tomar decisões radicais para um controle completo e real da renda petroleira para o investimento na economia e na sociedade”.

Outro problema latente em que se toca é o do contrabando na fronteira com a Colômbia. Os recursos de todo tipo que saem do país por essa extensíssima e conflituosa fronteira ascendem a quantidades soberbas. Saem recursos roubados do povo da Venezuela e entram dinheiro ilícito, drogas, armas e paramilitares. Nos Estados fronteiriços como Zulia e Táchira (também em outros próximos geograficamente), estas máfias, amparadas por governos corruptos, acumularam um forte poder, não só econômico, mas também político e criminoso.

Em 2012, ambos os Estados (Zulia e Táchira) foram governados por candidatos do PSUV. Quando as novas autoridades, seguindo as diretrizes do Governo central, anunciaram e começaram a atuar contra a esse comércio ilícito e bilateral, começou-se a observar os primeiros passos do golpe de Estado frustrado que culminaria neste 12 de fevereiro de 2014. Poucos dias antes, o Governo da República Bolivariana da Venezuela anunciou os acordos assinados com seu par colombiano, mediante os quais se proíbe o envio de encomendas de insumos, medicamentos, alimentos, etc.; assim como a proibição do envio de dinheiro em divisas. A partir de agora quem quiser enviar dinheiro da Venezuela à Colômbia deverá fazê-lo em pesos colombianos.

É importante mencionar também a aprovação e consolidação do “Plano da Pátria” pela Assembleia Nacional em 4 de dezembro de 2013, após um período de debates. Desenvolvido de acordo com o “Plano Socialista de Desenvolvimento Econômico e Social da Nação, 2013-2019”, proposta política do Presidente Chávez em sua última campanha eleitoral, que foi apresentada e defendida por Nicolás Maduro. Entre os objetivos este Plano, que já é Lei do Estado, contempla como grandes objetivos históricos, entre outros: “Defender, expandir e consolidar o bem mais precioso que temos reconquistado após 200 anos: a Independência Nacional; continuar construindo o socialismo bolivariano do século XXI na Venezuela como alternativa ao sistema destrutivo e selvagem do capitalismo…”

O fascismo: sua cara e seu plano

Quem são os que compõem esta corrente golpista? Entre suas filas estão empresários da poderosa Fedecamaras, donos de meios de comunicação privados, nacionais e internacionais; partidos políticos, ONGs e igrejas articuladas na Mesa de la Unidad Democrática (MUD), seus aliados internacionais na Espanha, Colômbia e Miami, e o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

A emblemática figura do golpe de abril de 2002, o multimilionário empresário Pedro Carmona, é o pai do golpismo. Refugiado na Colômbia desde aquela época, mantém uma rede de golpistas na Venezuela. Entre eles, Jorge Roig e Eligio Cedeño como operadores políticos, o primeiro em Caracas e o segundo em Miami. Ambos promovem o boicote econômico, desabastecimento e a
especulação de produtos. Além de financiar grupos conspirativos com fachada de civis como a ONG Humano y Libre. E, claro, mantêm laços com Otto Reich, cubano-americano, que tem um currículo digno de um terrorista, pertence ao governo estadunidense e canaliza toda a energia possível contra a Venezuela.

A matriz de opinião dada pelos meios regionais, principalmente o colombiano NTN24 e a estadunidense CNN, é que o cenário é de “mobilizações pacíficas” vs “excesso das forças de segurança”. Enquanto isso, os grupos unidos ao partido de direita
Voluntad Popular saem violentamente às ruas provocando a morte de 3 pessoas e 66 feridos.

Com o apoio dos golpistas, ONG’s se proliferam e atuam abertamente. O Centro de Divulgação do Conhecimento Econômico para a Liberdade (CEDICE), que tem como principal financiador o Centro para a Empresa Privada Internacional dos Estados Unidos (CIPE), é o mais visível. Posicionando-se politicamente como entidade crítica às políticas econômicas do governo venezuelano, promove o boicote.

Os partidos que se reúnem na MUD são Acción Democrática, Primero Justicia, COPEI, Causa Radical, Voluntad Popular, Proyecto Venezuela, entre outros grandes e pequenos, que se uniram para forjar um bloco opositor. Liderado por Henrique Capriles, ex-candidato presidencial, participa nas eleições e controla algumas municipalidades e governações (estados venezuelanos), assim, instrumentaliza e gerencia projetos de cooperação internacional com a USAID e a Fundação Nacional para a Democracia (NED, por sua sigla em inglês). Seu objetivo fundamental é derrotar o bolivarianismo a qualquer custo.

A oposição também conta com o apoio da direita internacional, principalmente dos partidos, representantes empresariais, intelectuais e políticos aglutinados na União de Partidos Latino-americanos (UPLA) e da Fundação para a Análise e Estudos Sociais, presidida pelo ex-presidente espanhol José María Aznar. Em 2009, a direita latino-americana se reuniu em Caracas no “Encontro Internacional Liberdade e Democracia: O Desafio Latino-americano” com o fim de aprofundar a campanha midiática e política contra o governo da Venezuela. O Partido COPEI lançou a palavra de ordem “golpe brando” contra o bolivarianismo.

Outro ex-presidente que não poderia faltar é Álvaro Uribe, colombiano, acusado legalmente e publicamente por narcotráfico e paramilitarismo. Muitas são as denúncias sobre sua participação nas tentativas de golpe do exterior.

Além disso, o Departamento de Estado dos EUA dá cobertura ao bloco opositor. A NSA e a CIA contam com base de operações no país. A embaixada estadunidense é uma incubadora de conspiradores e ações desestabilizadoras, como foi denunciado em várias ocasiões pelo governo do Presidente Chávez, que entrou em conflito direto com os diplomatas, declarando-os
persona non grata.

No contexto das recentes ações de rua do partido
Voluntad Popular, a Venezuela expulsou outros três diplomatas que nas Universidades realizavam atividades conspirativas e em troca prometiam vistos estadunidenses aos estudantes. O senador John Kerry, designado como próximo secretário de Estado dos Estados Unidos, deu delcarações no Senado sobre sua expectativa para o futuro da Venezuela: “Acho que, dependendo do que acontecer na Venezuela, pode haver uma oportunidade real para uma transição”.

A atual política de força implementada pelos grupos de direita
Voluntad Popular liderada por Leopoldo López e secundada pela também opositora María Corina Machado, é um componente da estratégia geral de desgaste do governo de Nicolás Maduro.

Trata-se de um bloco opositor político de grupos de direita que participam em eleições, desestabilizam através dos meios de comunicação, armam grupos paramilitares e atuam em manifestações em conjunturas específicas, segundo suas avaliações sobre o momento político. Qualquer uma das duas vias, pacífica ou violenta, nunca ficam definitivamente descartadas.

Em um contexto muito difícil para a economia venezuelana, as mobilizações e a violência dos grupos de direita, encontram terreno fértil. O conglomerado golpista avalia que é o momento de debilitar estrategicamente o governo bolivariano.

O que vimos até então foram grupos armados, franco-atiradores, estudantes manipulados, dirigentes de extrema direita fazendo chamados públicos à rebelião até que o Governo democraticamente eleito caia; tentativas de assalto às instituições do Estado (como foi o caso do Ministério Público e do canal público Venezolana de Televisión); páginas na internet e Twitter hackeados; declarações gravadas nas que se anunciaram mortes antes de acontecerem…

Porém, a legítima resposta do Governo não se fez esperar: detenções, ordens de busca e prisão. O Presidente Maduro anunciou “Não existe porta-voz do império que possa conosco, não nasceu ainda quem possa com a Venezuela, porque esta é a pátria de Bolívar e é o povo de Chávez”.

E o povo, nas ruas, grita “ A pátria não se vende, a pátria se defende!”, “Aqui, os Venezuelanos estão com os pés na terra! Dispostos a defender a pátria bonita e a defender o legado de nosso Comandante Hugo Chávez Frías!” e “Fascistas, não passarão!”