Wednesday, October 15, 2014

Denúncia do Golpe Eleitoral contra a reeleição de Dilma Rousseff no Brasil

Intelectuais e dirigentes de organizações populares fazem denúncia acerca de uma grave ingerência do imperialismo para manipular as eleições em nosso país.


Trabalhadores e trabalhadoras brasileiros,

Estamos diante da mais grave ameaça à nossa jovem democracia, desde o final da ditadura civil-militar na década de 80. Como no período que antecedeu ao Golpe de 1964, podemos observar grandes articulações que, neste momento, confluem para uma manipulação eleitoral antipopular que busca, com a candidatura de Aécio Neves, colocar novamente nosso país sob a administração direta do capitalismo financeiro, mais especificamente do imperialismo norte-americano.

Os trabalhadores e trabalhadoras de nosso país que, como Tiradentes, acreditam no direito que temos de decidir os rumos de nossas vidas livres de ingerências e intervenções estrangeiras, devem estar alertas e prontos para rechaçar o golpe eleitoral que a direita colocou em execução.

Que ninguém tenha dúvida, não se trata apenas de enfrentar as oligarquias mais atrasadas e reacionárias, que dominam nosso país desde 1500, mas de resistir às ações do imperialismo que efetivamente dirige diretamente as ações de desestabilização no Brasil. 

As eleições presidenciais de 2014 se converteram em um campo de batalha no qual se uniram para aplicar um Golpe Eleitoral os grandes empresários, os banqueiros, a grande imprensa e outros setores, nos quais as agências de espionagem e desestabilização dos Estados Unidos, como a CIA e a NSA, infiltram-se fortemente nos últimos anos.

As ações de espionagem contra o Brasil e mais especificamente contra a presidenta Dilma e contra a Petrobras, reveladas no vazamento de documentos da NSA, não eram apenas por concorrência econômica, como muitos afirmam. Essas ações tinham o objetivo de preparar o terreno para impedir a manutenção, em nível federal, de um governo de tendências antineoliberais. 

Fez parte dessas ações a ascensão de Marina da Silva à candidata presidencial, visando impedir uma vitória de Dilma já no primeiro turno. O respeitado professor e especialista em relações internacionais, Moniz Bandeira, testemunha direta e viva de diversas manobras da direita, como o Golpe de 1964, em carta aberta ao presidente do PSB, Roberto Amaral, relata ter inclusive enviado um alerta a Eduardo Campos, que deveria se prevenir. Sua experiência lhe dizia que uma ação desse tipo já era esperada e que Marina Silva não aceitaria ser apenas vice de Eduardo.

Conforme denunciado pelo professor Theotonio dos Santos, Marina Silva, que substituiu Campos como candidata do PSB, objetivamente cumpre o papel de instrumento do imperialismo, articulada, junto a Fernando Henrique Cardoso, no Diálogo Interamericano, instituição fundada em 1982 e que, segundo texto em seu site, reúne “100 ilustres de todo o continente americano, incluindo políticos, empresários, acadêmicos, jornalistas e outros líderes não-governamentais.”  Essa organização existe para atacar as democracias latino-americanas e foi uma das articuladoras dos recentes Golpes de Estado em Honduras e no Paraguai.

Devido ao rechaço popular às ditaduras que os Estados Unidos instauraram e mantiveram em toda a América Latina, na segunda metade do século 20, as classes dominantes não encontram apoio suficiente, nem na sociedade, nem nas Forças Armadas, para um novo Golpe Militar. Por isso, o imperialismo busca realizar um Golpe Eleitoral através de três frentes: guerra econômica, guerra midiática e  intervenções a partir de suas infiltrações na Policial Federal e em setores do judiciário.

Guerra Econômica


No final do ano passado, a presidenta Dilma, em sua mensagem de encerramento de ano disse:

“Se alguns setores, seja porque motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas.”

A guerra psicológica é apenas uma parte de um movimento maior de guerra econômica que deve ser denunciada. Os economistas Passos, Cardoso e Brandes do DIEESE em um texto intitulado “A queda dos investimentos privados na economia brasileira nesse início de 2014” demonstram que uma taxa negativa de investimento de 2,1% no primeiro trimestre de 2014 significa que os grandes capitalistas, principalmente os de São Paulo, abstiveram-se de reinvestir o capital acumulado no ciclo anterior.

Sem qualquer compromisso com o país, eles transferiram seus investimentos para os títulos da dívida pública dos Estados Unidos na esperança de que um baixo crescimento do PIB rendesse manchetes ruins ao governo e o forçasse a tomar medidas antipopulares em pleno ano eleitoral.

Não podemos nos esquecer também do efeito da falta d'água em São Paulo, estado governado pelo PSDB de Aécio e Alckmin, que praticamente desacelerou a construção de novos empreendimentos nos últimos meses.

Outra faceta da aplicação desta Guerra Econômica nestas eleições é a manipulação do mercado através das bolsas de valores, ao sabor da conjuntura eleitoral. As repentinas e acentuadas quedas e recuperações, às vezes em um mesmo dia, de ações de grandes empresas, inclusive estatais, buscam criar fatos políticos que favorecem o candidato do imperialismo, além de operarem uma transferência de recursos das mãos dos pequenos e médios investidores para os grandes especuladores.

Um dos responsáveis por esses crimes é o megaespeculador George Soros, patrão de Armínio Fraga, indicado por Aécio Neves para assumir o Ministério da Fazenda. George Soros é conhecido por financiar ações de desestabilização em todo o mundo. Recentemente admitiu, sem o menor pudor, sua responsabilidade nos eventos que explodiram na Guerra Civil da Ucrânia, que já vitimou milhares de pessoas, principalmente civis. Soros afirmou em entrevista recente: "Criei uma fundação na Ucrânia antes de que se independizasse da Rússia. E a fundação tem operado desde então e jogou um papel importante nos acontecimentos atuais"

Os interesses dos Estados Unidos estão tão bem representados em Armínio Fraga, indicado por Aécio, que o ex-secretário do Tesouro americano Timothy Geithner chegou a indicar seu nome ao presidente Barack Obama para dirigir o FED (Banco Central dos Estados Unidos).

Recentemente, Armínio Fraga criticou a política de aumento de salário mínimo, que saltou de 86,21 dólares, em 2002, quando Lula assumiu seu primeiro mandato, para 305 dólares em 2014 (valores convertidos do real). Para ele, os salários devem ser arrochados e o orçamento público e os gastos sociais, reduzidos.

Todos se lembram do que representou o governo de FHC, no qual Armínio Fraga era presidente do Banco Central, para os níveis de salários, emprego e de escolaridade de novo povo.

Guerra Midiática


A grande imprensa burguesa, mais destacadamente seu maior representante, as Organizações Globo, repetem sua atuação das vésperas do Golpe de 1964. Martelam o dia inteiro manchetes sobre corrupção e inflação, seguindo exatamente o mesmo script utilizado para derrubar o Presidente João Goulart. Dilma é atacada como Jango foi pelas mesmas 9 famílias que detêm os monopólios de comunicação em nosso país.

Essa imprensa reacionária demonstrou seu poder ao intervir diretamente, com coberturas descaradas, sobre os eventos de junho do ano passado, convertendo os protestos contra o aumento do preço das passagens em uma nova “Marcha com Deus pela Família e Propriedade”, organizada pelas senhoras ricas contra o governo de Jango 64. Com a constante cobertura e exposição, eles criaram agora o fenômeno dos Black Block, tentando criar um clima de desestabilização, além de introduzirem bandeiras conservadoras entre as pessoas que estavam nas ruas.

Contudo, esses meios privados foram desmoralizados após o fracasso de sua campanha contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, na qual previam um clima de caos total. A organização e a realização da Copa superou outras edições realizadas na Europa. De maneira cínica, esses meios passaram a tentar associar o governo com a derrota no gramado contra a Alemanha.

A ilustrativa pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública, formado por pesquisadores da UERJ, divulgada no site Manchetômetro, demonstra claramente o bombardeio contra Dilma, por conta da desproporcionalidade em matérias negativas.

Essas ações midiáticas, de eficiência limitada entre a classe trabalhadora, busca deixar a classe média histérica e acaba promovendo uma onda de ódio racial e social. Fernando Henrique Cardoso, líder maior do PSDB, claramente  atiça esse clima ao dizer que os eleitores de Dilma são ignorantes por ela ter vencido no Nordeste.

As infiltrações no Judiciário e na Polícia Federal

A terceira grande articulação da tentativa de Golpe Eleitoral em curso envolve setores do Poder Judiciário que, ao aplicarem uma política de “dois pesos e duas medidas”, buscam mudar a correlação de forças entre o PT e o PSDB em nosso país.

O maior escândalo da história recente desse país, não apenas de corrupção, mas de entreguismo, de traição nacional, foram as privatizações das grandes empresas brasileiras como a Vale do Rio Doce e a Telebras, episódio conhecido como Privataria Tucana.

Durante o governo Fernando Henrique, todos que exerceram a presidência do Banco Central foram envolvidos em escândalos, alguns foram condenados, mas ninguém foi preso. Gustavo Franco foi responsável pelo PROER, que destinou bilhões para bancos quebrados. Seu sucessor Francisco Lopes ficou famoso por suas íntimas relações com Cacciolla do Banco Makra, que levaram os cofres públicos a um prejuízo bilionário   durante a mega desvalorização do real após a reeleição de FHC. Nomeado em seguida, Armínio Fraga elevou a taxa de juros do país para 45%, transferindo imediatamente bilhões para os banqueiros.

Enquanto os principais quadros do PT paulista foram presos e tiveram seus direitos políticos caçados, não podendo concorrer às eleições, o Mensalão do PSDB, o original, criado em Minas Gerais, durante o governo de Eduardo Azeredo não foi sequer julgado. Esta foi a origem do valerioduto tucano, esquema de financiamento irregular de campanhas, criado por Marcos Valério, ligado aos tucanos. 

A anulação, por parte de Gilmar Mendes, juiz carnalmente vinculado ao PSDB, da decisão unânime do TSE, por 7 a 0, de conceder direito de resposta ao PT na Revista Veja é apenas  uma demonstração a mais do compromisso de setores do judiciário com o retorno das velhas oligarquias ao poder.

Com relação às recentes manchetes contra a Petrobras, pautadas a partir de seleções do depoimento de dois bandidos que chegaram à empresa pelas mãos do PSDB, o Conselheiro Nacional do Ministério Público, professor Luiz Moreira, realizou uma grave denúncia contra a “tentativa de interferência na disputa eleitoral (…) Há uma engenharia responsável pelo vazamento que seleciona criteriosamente que partes devem ser divulgadas e o momento adequado para que o vazamento chame mais atenção e cause mais impacto nos eleitores (…) Cria-se a sensação de que estamos num vale-tudo e que o sistema de justiça além de imiscuir-se na disputa eleitoral também não tem compromisso com a ordem jurídica.”

Sem meias palavras, trata-se de uma tentativa de Golpe Eleitoral que se utiliza de uma cobertura de pseudolegalidade similar à utilizada no Golpe que removeu Fernando Lugo da presidência do Paraguai.

As intervenções do imperialismo têm como objetivo impedir o surgimento de um mundo multipolar


Mas, a mais contundente prova das ações de desestabilização que estão em curso, que não pode deixar nem os mais incautos tranquilos é a própria ação do imperialismo pelo mundo. Estamos indo às urnas em meio a diversas guerras que sangram todos os cantos do planeta.

Quem conhece história e acompanha a intensificação dos conflitos em todo o mundo, não pode deixar de relacionar essas eleições com a conjuntura internacional. 

A Crise do Capital e seus desdobramentos, após sua contundente manifestação em outubro de 2008, voltou a colocar em xeque o mundo unipolar que surgiu após a Guerra Fria. A perda de influência dos Estados Unidos se acentuou em todo o mundo e propiciou o surgimento de diversos blocos contra-hegemônicos, como a CELAC e os BRICS, que apontam para uma nova geopolítica e para um mundo multipolar.

Quando Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os BRICS, reuniram-se em Fortaleza com os 33 países latino-americanos e caribenhos que formam a CELAC, logo após a Copa do Mundo, e adotaram medidas concretas contra a hegemonia norte-americana, como a criação de um banco internacional, os Estados Unidos decidiram intensificar suas ações para minar essa aliança.

A lista de ações desse tipo do Imperialismo é gigantesca. Somente nos últimos anos, durante o governo Obama, podemos destacar, longe de citar todos os casos:

Afeganistão: ocupação militar e desestabilização; América Latina: Criação da Aliança para o Pacífico para confrontar o Mercosul; Argentina: ação dos fundos abutres e pressão do Clarin; Bahrein: repressão contra os xiitas; Bielorrússia: manifestações contra Lukashenko; Bolívia: Bloqueio do avião de Evo Morales; Brasil: ações fascistas durante junho de 2013; China: estímulo ao separatismo; Coreia do Norte: constantes provocações e ameaças militares; Costa do Marfim: golpe de Estado contra o presidente Laurent Gbagbo; Cuba: bloqueio, desestabilização e criação da rede social Zunzuneo; Egito: "Primavera Árabe", condução ao poder e depois derrubada da Irmandade Muçulmana; Equador: tentativa de golpe contra Correa; El Salvador: introdução de armas ilegais que caem nas mãos dos grupos de extermínio causadores da violência no país; Rússia: grupos terroristas do Cáucaso; Haiti: indicação do presidente Martelly anos após golpe de Estado; Honduras: Golpe de Estado contra Zelaya; Hong Kong: Occupy central para atingir a China; Iêmen: constantes ataques de drones; Irã: desestabilização, assassinato de cientistas e bloqueio; Iraque: ocupação militar e criação do Estado Islâmico; Líbia: bombardeios, financiamento de mercenário e assassinato de Gadaffi; Mali: guerra civil após desestabilização da Líbia; Palestina: financiamento e armamento do estado racista de Israel; Paquistão: desestabilização e constantes ataques de drones; Paraguai: Golpe de estado contra o presidente Lugo; Quirguistão: Insuflação de conflitos étnicos e divisão do país para manter a Base Aérea de Manas; Síria: criação do Estado Islâmico e guerra civil no país; Somália: desestabilização através de radicais mercenários; Sudão: separatismo e criação Sudão do Sul para repartir petróleo; Tunísia: "Primavera Árabe"; Ucrânia: Golpe e chegada ao poder de grupos nazistas; Uganda e Quênia: caso "Kony" e militarização da região; Tailândia: Golpe de Estado; União Europeia: desestabilização do euro; Venezuela: tentativa de golpes com o não reconhecimento das eleições e sabatogens econômicas.

Resistir à direita, é, nesta conjuntura eleitoral, ser revolucionário


Neste momento um retrocesso tático (processo eleitoral brasileiro) pode significar um retrocesso estratégico em todo o continente latino-americano, ao aumentar a pressão do imperialismo que busca destruir os processos de mudanças e as conquistas obtidas pelos povos das regiões. O sonho do imperialismo é  utilizar nosso país como plataforma de agressão contra os nossos vizinhos.

Não existe porque hesitar em defender a candidatura de Dilma Roussef à reeleição como presidenta do Brasil. Isolar os setores mais reacionário das oligarquias, impedindo-os de chegarem ao governo é a batalha dos próximos dias.

Além da postura altiva em defesa da soberania nacional frente às agressões imperialistas, o governo Dilma manteve no plano interno, mesmo com limitações visíveis, a defesa do emprego, a valorização do salário mínimo e a elevação dos investimentos em educação (o acesso ao ensino superior dobrou em 12 anos) e saúde (Mais Médicos), entre outras medidas. Sabe-se que, por mais importantes que sejam, essas medidas não resolveram problemas estruturais, mas contra isso se insuflam as oligarquias reacionárias, como em 1964. Ontem, como hoje,  não aceitam nenhuma reforma que altere sua lógica de acumulação.  

Chamar o voto nulo dizendo não haver  diferenças entre os projetos em disputa, é, ao mesmo tempo, uma leitura reducionista e anti dialética da nossa realidade e a perda do bom senso contrariando a visão de todos os dirigentes dos países latino-americanos que passaram por processos revolucionários, e que torcem pela reeleição de Dilma. É uma demonstração da falta de acuidade de análise geopolítica daqueles que  nunca entenderam porque sofremos a derrota do Golpe de 1964.

Como disse Simón Bolívar, Libertador da América Latina, “Os Estados Unidos parecem destinados pela providência a infestar a América com misérias em nome da Liberdade”. Caberá ao povo brasileiro, junto às suas lideranças consequentes, frustrar os planos daqueles que querem destruir o Brasil, pátria mãe de nossos filhos e filhas.

Reeleger Dilma é defender o Brasil e a América Latina da intervenção direta do imperialismo norte-americano!

Aluisio Pampolha Bevilaqua, editor chefe do Jornal Inverta

Ana Alice Pereira, diretora do CEPPES

Andre Laino, Professor da UENF

Antonio Cícero Cassiano Sousa, diretor do CEPPES

Gaudêncio Frigotto, professor da UERJ

Georgina de Queiroz dos Santos, professora da UNISUAM

Gilberto Palmares, deputado estadual PT/RJ

Hildemar Luiz Rech, professor da FACED-UFC

Lincoln de Abreu Penna, presidente do MODECON e professor da UFRJ

Marly de Almeida Gomes Vianna, UNIVERSO, RJ

Nicolino Trompieri Filho, professor da UFC

Paulo Ramos, deputado estadual pelo PSOL/RJ

Sandra Regina Pinto Santos, diretora geral do ISERJ

Sérgio Sant’Anna, professor da UCM

Theotonio dos Santos, professor da UERJ, presidente do CEPPES e da REGGEN

Zacarias Gama, professor da UERJ


Sunday, October 12, 2014

ESQUERDA UNIDA EM TORNO DE DILMA SAI ÀS RUAS EM SÃO PAULO




São Paulo, 11 OUT – Frente à ameaça de um retorno do Brasil ao neoliberalismo, uma parte representativa de diversas agremiações da esquerda brasileira saiu às ruas ontem para declarar apoio à candidatura de Dilma Rousseff.

Em três atos consecutivos (um com enfoque na unidade dos movimentos sociais e dois de destinados à combater a onda conservadora e fascista desatada em São Paulo depois do primeiro turno das eleições), quase duas mil pessoas reuníram-se ontem no Largo do Arouche, centro da capital paulista.

Estiveram presentes no ato figuras PT historicamente ligadas aos movimentos sociais e que desta vez não resultaram eleitos nas votações devido à girada conservadora nas instâncias parlamentares, como Adriano Diogo, Renato Simões e Eduardo Suplicy, assim como figuras intelectuais que historicamente ligam-se à esquerda.

Marilena Chauí, filósofa docente da Universidade de São Paulo, apresentou uma série de denúncias em relação à candidatura neoliberal de Aécio Neves: “Elimina-se o conceito de direitos e troca-se por serviços, privados e pagos, ferindo assim o coração da democracia, disse”.

Também esteve presente Jean Willys (eleito deputado federal pelo PSOL-RJ), que foi um dos primeiros de seu partido (que liberou os militantes a votarem individualmente) a decidir apoiar Dilma Rousseff no segundo turno.

Fernando, jovem militante do Movimento de Luta Contra o Neoliberalismo disse ao INVERTA: “Não podemos hesitar. Quem acha que o Neoliberalismo pós-crise vai ser uma reedição do neoliberalismo dos anos 90, quando o centro do capitalismo mundial estava enchendo a barriga de dinheiro com o desmonte do Campo Socialista, se engana. A ameaça de um neoliberalismo do século XXI é a ameaça de um neoliberalismo beligerante, da política econômica de um capitalismo agonizante que precisa impor militarmente seu poder a todo o planeta para continuar existindo enquanto sistema. Com todas as críticas que possamos fazer, é mais do que necessário assumir a defesa combativa dos doze anos do governo Lula-Dilma e da candidatura de Dilma em 2014”.



Wednesday, October 1, 2014

Votar em Dilma é defender o Brasil!

Passados cerca de 6 anos da eclosão da recente crise capitalista, o que se observa de novo é uma lenta recuperação das economias centrais e uma queda no ritmo de crescimento dos chamados países emergentes, entre estes, o Brasil. O declínio do ciclo de crescimento, nestes últimos, reflete-se de forma mais acentuada nas condições de vida dos trabalhadores e na disputa entre as oligarquias, ameaçando governos não alinhados com o imperialismo e aumentando as dificuldades econômicas dos chamados países emergentes e em desenvolvimento.

Os comunistas revolucionários agrupados no PCML, armados da ciência do marxismo-leninismo, vêm apresentando à classe operária os resultados de seus estudos e o diagnóstico de que estamos diante de uma grave crise do sistema capitalista que pode ser qualificada como uma Crise de Transição. Não há, definitivamente, solução dentro desse sistema que apenas gera miséria e torturas para os trabalhadores, como observou Marx.

Desta forma reafirmamos que apenas uma verdadeira Revolução Comunista em nosso país será capaz de romper com as amarras com as quais o imperialismo suga nossas riquezas, operando uma transferência massiva de mais-valia para o centro do sistema, talvez somente comparável à Acumulação Primitiva de Capital que Marx analisou em sua obra máxima.

Os eventos mundiais (Copa do Mundo e Olimpíadas) obviamente aquecem a economia, essencialmente a construção civil e o turismo, no entanto, estas atividades implicam no combate à economia informal, especialmente através do discurso do combate ao tráfico de drogas, o que transforma bairros proletários em zonas de guerra, acarretando no aumento da violência nas grandes cidades.

Desde a eclosão da última crise em 2008 também é possível dizer que o imperialismo, além de intensificar o horror econômico, aumentou o horror da guerra. São milhares de mortos, milhares de pessoas deslocadas de seus territórios de origem (pogrons) e destruição de importantes equipamentos de infraestrutura. A lista de países alvos da fúria genocida e calculada do imperialismo é extensa: Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Palestina, Ucrânia e tantos outros! As diversas guerras localizadas e contínuas parecem substituir os grandes conflitos mundiais já vivenciados pela humanidade. Mas não há quem não acompanhe razoavelmente o que ocorre em volta para não se perguntar sobre se um conflito maior não está por vir. As ações do imperialismo exigirão rigor dos futuros historiadores em classificá-las: semelhantes a Hiroshima e Nagasaki? Aos extermínios de homens, mulheres e crianças nos campos de concentração nazistas?

Trata-se de uma verdadeira Guerra de Classes, na qual interesses antagônicos se medem cotidianamente. Como em qualquer guerra, há momentos de atacar e momentos de defender, e o papel do estado maior central da classe operária, seu Partido Comunista, é o de acumular forças, sem ilusões, para o embate final futuro que é uma necessidade histórica.

Posto isso, qual é a candidatura que dentro desse complexo quadro internacional, marcado pelo recrudescimento das guerras imperialistas em todo o mundo, pode representar efetivamente uma posição defensiva da classe operária?

O Partido Comunista Marxista-Leninista, indica a todo o proletariado e seus aliados o voto na candidata Dilma Rousseff. Dilma, embora tenha adaptado suas ideias de transformação da realidade brasileira, de acordo com a nova situação vivida pelo país, diante da atual correlação de forças e desenvolvimento da consciência revolucionária do povo brasileiro, por sua trajetória de vida, de origem humilde e revolucionária, chegou ao limite máximo de moral e idealismo revolucionário combatendo em armas a ditadura militar do capital no Brasil. Foi presa e torturada, sobreviveu e foi coerente com suas posições até os dias atuais; sua passagem pelo PDT aos tempos da liderança de Leonel Brizola deveu-se a uma posição política adotada por uma parte do egresso grupo de esquerda liderado por Carlos Lamarca, cuja análise das mudanças da realidade mundiais e do Brasil compreendia o espaço para a construção de um partido de massas capaz de assegurar a democracia no país e o conjunto de liberdades contidas nesse conceito que propiciasse o desenvolvimento do país, permitindo que o povo trabalhador saísse das amarras da opressão, da miséria absoluta, e da situação de analfabetismo extremas, fortalecendo a sua consciência e acumulação de forças para um posterior momento de lutas e transformações mais decisivas rumo à sua libertação.

Como presidenta do Brasil, Dilma demonstrou a força de seu caráter, ao não ceder às pressões que pediam por um alinhamento automático ao imperialismo estadunidense. Isso ficou comprovado em seu corajoso discurso na ONU contra a espionagem promovida pela NSA, e pela reação a esse escândalo, que resultou no cancelamento de sua visita de Estado aos EUA, apesar do choro dos monopólios da imprensa.

Dilma também iniciou uma importante política de valorização do papel do Estado, ainda que tímida, diante das mazelas geradas pela Crise do Capital. Dentro desse contexto, deve ser defendida a forma de enfrentamento às consequências da crise: casas populares e aumento do investimento em saúde e educação. Aqui se destaca a destinação de 75% dos royalties do Pré-Sal para a educação e 25% para a saúde e o programa Mais Médicos, que mesmo não resolvendo os problemas estruturais nessa área, investe seriamente, com o apoio solidário da Revolução Cubana e de seus médicos, no combate à falta de assistência médica e às desigualdades regionais.

No entanto, a melhor resposta ao agravamento do quadro geopolítico internacional foi a VI Cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada em Fortaleza, no último 15 de julho. A Declaração da Cúpula representa um passo importante na configuração de um bloco que se alinha na contra-tendência ao imperialismo mundial. O que fica claro nas duas medidas aprovadas: a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e o do Fundo Monetário do BRICS, contraponto à hegemonia imperialista no Banco Mundial e no FMI (Fundo Monetário Internacional). Além da reunião dos 5 membros do BRICS, houve encontro com os 33 países da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), sinal da importância que o Brasil atribui ao bloco regional.

O Novo Banco de Desenvolvimento tem como objetivo mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável dos países do BRICS e de outras economias emergentes e em desenvolvimento. O capital inicial autorizado será de US$ 100 bilhões.

O fundo comum de reservas, também aprovado no encontro, terá uma quantia inicial de US$ 100 bilhões.

O sucesso da Cúpula do BRICS pode ser considerada a segunda Copa do Mundo da Presidenta Dilma Rousseff. Se o cenário de desestabilização não ocorreu na Copa, as eleições presidenciais são o novo campo de batalha. Se as eleições são terreno onde as classes dominantes se sentem à vontade para manter sua dominação, há elemento diferencial a ser considerado: mesmo o terreno eleitoral oferece, nas circunstâncias atuais, pouca segurança para o capitalismo em sua fase terminal. Aproveitar o acirramento dessas contradições para isolar os setores mais reacionários das oligarquias e avançar nas condições subjetivas para a revolução deve ser o objetivo central dos comunistas revolucionários.

Diante do fracasso da candidatura de Aécio Neves, as oligarquias aplicaram um golpe de mestre, sacrificando um de seus candidatos, em uma demonstração de desespero, buscando uma inversão de último minuto baseada em uma forte campanha midiática para tentar emplacar a candidatura de Marina Silva, hoje, mais do que nunca, representante do setor financeiro internacional e dos grandes bancos privados, como comprova sua proposta de independência do Banco Central. Esse fato novo, demonstra a guinada cada vez mais a direita dessa candidata, que já nas eleições de 2010 serviu-se a esse papel.

Já a esquerda oportunista, que cresceu na representação mímica de Marina Silva e do PV, conduzindo o processo eleitoral brasileiro à dramática ameaça do retrocesso de suas conquistas, podendo por isso receber uma lição dos eleitores. É temerário e deseducador afirmar que não há diferença entre o governo do PT e o do PSDB, como faz a esquerda eleitoral (PPL, PSOL, PCB, PSTU, etc), ou mesmo, considerar acriticamente como um grande ascenso das massas as ditas “manifestações de junho”, mencionando em suas análises apenas as bandeiras progressistas levantadas, mas omitindo os episódios fascistas e o fato de que as mesmas foram manobradas e insufladas pela Rede Globo e pelo imperialismo através de suas “redes sociais”.

Marina Silva, que recebeu financiamento pessoal de banqueiros e de especuladores internacionais como George Soros, assumiu a falácia do discurso da terceira via, transitando seu discurso cada vez mais de uma sindicalista ligadas aos povos da floresta, como foi Chico Mendes, para um ambientalismo eco-capitalista. Isso não deve ser considerado isoladamente, mas deve ser visto do ponto de vista tático e estratégico. Sobretudo, no caso do Brasil por sua composição orgânica do capital, conforme analisado no Editorial da edição 459 em 06/06/2012:

“dada a sua conexão com a economia dos centros imperialistas, seja pela estrutura de articulação da economia (exportações, importações, fluxo financeiro, dívida pública e privada, taxa de câmbio, tecnologia, etc.) seja pelo receituário da economia política oficial, [O Brasil] será arrastado, independente, da força da organização subjetiva da classe revolucionária no país, ao inexorável abismo da erosão do paradigma de valor – isto é – a perda da efetividade da relação tempo/trabalho necessário como medida de riqueza na sociedade. Tal processo é derivado das distintas composições orgânicas de capital das economias interconectadas, que por relação inversa na composição de valor do trabalho objetivado remonta às trocas desiguais como instrumento fundamental de sustentação do PIB dos países imperialistas e da economia mundial. Nesta lógica, a apropriação do tempo excedente dos países em que vige o paradigma do tempo/trabalho necessário é para os países do capitalismo avançado a condição de sustentação das relações capitalistas de produção e consumo, mesmo que objetivamente vija já como fundamento da economia o paradigma do tempo/trabalho livre dada a redução ao mínimo do tempo necessário em relação ao excedente. Nestas condições, cada crise vivida pelos países capitalistas em desenvolvimento e os subdesenvolvidos que é superada com base no paradigma da mais-valia relativa pelo aumento da composição orgânica do capital, a tendência histórica é cada vez mais caminhar para o abismo da crise de paradigma de valor. Eis o mistério que arrasta o Brasil à crise do capital e o segredo também da campanha dos centros imperialistas pela economia verde. Esta última se apresenta cada vez mais como antolho à tendência histórica da crise do capital, de transitar do paradigma do tempo/trabalho necessário para tempo/trabalho livre social, que exige, inexoravelmente, a transformação de todas as relações sociais de produção do capitalismo para um modo de produção social superior: o comunismo”.

Votar em Dilma não é apenas assegurar as mínimas conquistas neste período de 12 anos de mandatos consecutivos do Partido dos Trabalhadores, mas a certeza da continuidade do caminho democrático do país, sua relação de respeito político com os demais países da América Latina e não permitir o retrocesso e a aventura imperialista das oligarquias, que dominam a economia e as estruturas arcaicas da sociedade. É garantir a continuidade da luta do povo brasileiro e latino-americano à sua libertação que se fará inexoravelmente diante das difíceis decisões e dramáticas ações decorrentes da crise do capital no país e no mundo. Por isso nosso voto continua em Dilma Rousseff!

Isto não significa um apoio acrítico ou que nos iludamos com as possibilidades de conquistar os objetivos históricos da classe operária e do povo pobre no país através do processo eleitoral e de governos dentro das regras do capital, mas a clara análise que diante da correlação de forças do momento histórico esta via de luta cumpre importância fundamental para o prosseguimento da luta sob novas condições que necessariamente estão por vir.

Nestes termos, nossas palavras de ordem são:

Defender o povo brasileiro!

Votar em Dilma Rousseff!

Derrotar Marina, Aécio e o plano reacionário das oligarquias!



link ddo original: http://inverta.org/jornal/agencia/politica/votar-em-dilma-e-defender-o-brasil