Especialistas
asseguram que há vários políticos que estão presos por delitos comuns.
Ernesto J. Navarro
Internacionalmente, aceita-se que um preso político
é qualquer pessoa encarcerada, porque suas ideias supõem uma ameaça para o
sistema político estabelecido, independentemente de sua natureza, aponta o
analista político Alí Rojas Olaya.
No caso venezuelano, o governo faz uma diferenciação
ao falar de "políticos presos".
Os partidos de oposição, ainda que não estejam de
acordo sobre as cifras, falam da existência de, ao menos, 70 presos políticos.
Leopoldo López é o mais emblemático dos incluídos nesta cifra, graças a uma
campanha internacional que pede sua liberdade.
A sentença de
López
A 10 de setembro de 2015, López foi sentenciado por
um tribunal venezuelano a 13 anos, 9 meses, 7 dias e 12 horas de prisão;
assinalado como responsável pela comissão dos crimes de incêndio intencional,
instigação pública, danos à propriedade pública e associação para delinquir.
Pouco mais de um ano antes, o governo venezuelano, de
acordo com o próprio presidente Nicolás Maduro, negociou com a família López a
entrega à justiça do líder do ultradireitista partido Voluntad Popular, depois
de lhe serem apresentadas evidências de que setores da mesma oposição
planejavam assassiná-lo em Caracas.
Leopoldo López, recordemos, encabeçou um plano
denominado 'La Salida' que pretendia − e pretende − derrubar o governo do
presidente Maduro.
A justiça venezuelana, por meio de seus
representantes deu explicações em várias ocasiões sobre este tema. Consultada
sobre o caso de Leopoldo López, a Promotora Geral da República, Luisa Ortega
Díaz, disse que ele e outros presos são réus por "delitos comuns"
estabelecidos no Código Penal e não por suas posturas políticas.
O malefício interrompido
O advogado constitucionalista Enrique Tineo é taxativo
quando consultado sobre os presos políticos venezuelanos, "verdadeiramente
não existem".
Lembrou que este país tinha uma longa tradição
histórica de presos políticos mas "esse malefício sfoi interrompido com a
ascensão ao poder de Hugo Chávez Frias. Pela primeira vez, um governo
estabelece um acordo para o adversário político que não procura esmagá-lo ou
fazê-lo desaparecer. O que se passa é que a manipulação mediática pretende
criar essa figura".
Para explicar porque Leopoldo López, diferentemente
do restante dos chamados "presos políticos" da oposição, recebe todos
os apoios, Tineo assegura: "deve-se entender que ele se alça a partir de
um projeto político da classe empresarial, que sempre lançou candidatos à
presidência na Venezuela, ainda que essa estratégia de colocar empresários como
candidatos ao governo nunca tenha dado resultados".
Campanha
internacional
Essas acusações fazem parte de uma campanha
internacional extraordinária contra o país, assegurou Diosdado Cabello,
deputado e primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Agora bem, "imagine se alguém nos Estados
Unidos tivesse feito o que Leopoldo López fez (na Venezuela), seria preso e até
condenado à pena de morte, porém pretendem nos mostrar como os maus (…), nos
acusaram de muitas coisas sem provas (…)".
Referindo-se aos presos, alegados pela oposição, acrescentou,
"todos os que estão presos pelos assassinatos de 43 pessoas e mais de 800
feridos, continuarão presos, incluído Leopoldo López".
Propaganda da
direita espanhola
Como parte dos apoios internacionais recebidos por
Leopoldo López, o ex-candidato à presidência do governo da Espanha e presidente
do partido Ciudadanos, Albert Rivera, chegou à Venezuela, convidado pela
maioria opositora na Assembleia Nacional.
Rivera, considerado "amigo" da oposição
venezuelana, exibiu a bandeira deste país sul-americano no dia do encerramento
de sua campanha eleitoral e foi o encarregado de apoiar uma moção a favor da
libertação dos "presos políticos" na Venezuela.
Como parte de sua agenda em Caracas, anuncia-se que
Rivera, preocupado pela situação de "crise" na Venezuela, visitou Leopoldo
López na prisão de Ramo Verde, localizada a 33 quilômetros a sudoeste de
Caracas.
Pablo Iglesias, líder do partido Podemos, disse:
"dá a impressão que o Ciudadanos vai gastar um pouquinho mais de dinheiro em
seu vídeo de campanha, que vai rodá-lo em Caracas e que não vai falar nem da
Espanha, nem dos espanhóis", segundo o jornal venezuelano El Nacional.
A
visita de Rivera à capital venezuelana não deixa de causar suspeitas. Piky
Figueroa, cantor do grupo Bituaya aponta: "é estranho que este senhor
(Rivera) venha ao nosso país para pedir a liberdade de López, enquanto em seu
país existem inclusive músicos condenados à prisão por cantar e fazer uso de
sua liberdade de expressão" disse, referindo-se ao caso do rapper Pablo
Hásel.Traduzido por V. Cione do site RT
Fonte: https://actualidad.rt.com/actualidad/208327-presos-politicos-venezuela
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