Sunday, June 24, 2012

QUEIMA O CÍRCULO DE FOGO SOBRE A AMÉRICA LATINA.

por Diego Garcia, para o Batalha de Ideias.


Em 9 de julho de 2008 um editorial do Jornal Inverta denunciava a mais recente tática dos EUA para a América Latina chamando-a de "Círculo de Fogo", em alusão à tática militar utilizada na década de 70 para isolar o Campo Socialista do Leste Europeu e derrotar a revolução socialista naqueles países.


Na contramão da ascenção da esquerda progressista na América Latina, então, observou-se, por parte do imperialismo norte-americano, uma tomada de posições muito parecida e que parecia conduzir ao mesmo caminho: cercar, isolar e conquistar.

Muitas hipóteses foram levantadas então, de porquê desejariam os ianques dominar uma região que já dominavam economicamente. A primeira resposta veio em forma de suposição de fontes de energia e subsistência: falou-se desde a necessidade da conquista da Amazônia como fonte de biomassa até o posicionamento estrtégico do Aquífero Guaraní, maior aquífero subterrâneo do mundo, localizado bem no coração da América do Sul, entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Entre outras coisas, em 2008 consolidava-se finalmente a primeira vitória econômica (em termos capitalistas) da América Latina: a anterior substituição do comércio do eixo AL-EUA pelo eixo AL-China tornou a região muito menos vulnerável à crise estadunidense daquele ano.

Escrevera-se então, no referido editorial:

"(...)Neste contexto de desespero do imperialismo seguiu-se ao círculo de fogo sobre o leste europeu e a ex-URSS, o círculo sobre o Oriente Médio, dirigindo-se para o cerco central ao Cáspio (Cazaquistão), onde se encontram as maiores reservas inexploradas de petróleo; não se pode deixar de enxergar também o círculo de fogo que se fecha contra a Nossa América, e menos ainda o Brasil como alvo principal desta disposição estratégica dos EUA, diante da posição geopolítica ocupada pela Venezuela, Bolívia e Equador – face a revolução bolivariana – e os constantes e retumbantes anúncios de descobertas de reservas de petróleo, em vários pontos do litoral brasileiro, além das já reconhecidas reservas hídricas, terras cultiváveis (alimento ou biocombustível) e a biodiversidade da floresta amazônica, em 70% estão no país."

Os anos se passaram e as previsões pareciam se confirmar. O círculo de fogo traçado sobre o Oriente Médio, por exemplo, queima já há mais de um ano, e ainda não dá sinais de esgotamento. Começamos a perceber as faíscas dos primeiros testes explosivos na terceira parte da tática imperialista: a América Latina.

Não muito tempo depois, em 2009, Honduras tranformava-se no tubo de ensaio da próxima invenção estadunidense: o golpe de estado institucional, onde o poder legislativo, partindo de um acordo de cavalheiros, destitui rapidamente o presidente eleito e obtém imediatamente a aprovação de pesos-pesados da geopolítica mundial, como os próprios Estados Unidos, a Alemanha e Israel, entre outros.
Em 2010 e 2011, duas tentivas frustradas, porém com características muito similares: Bolívia e Equador, quando Rafael Correa foi preso no hospital militar onde recebia tratamento e onde todos os grandes meios de comunicação apressaram-se em qualificar o mercenário levante policial de "insurreição popular".

Os Estados Unidos parecem estar buscando os "elos mais fraco" da corrente, lugares com presidentes em dificuldades com a oposição, para mais uma vez exercer seu domínio sobre a região. Como para acender uma fogueira necessita-se de um graveto mais seco. As contudentes respostas dadas pelos povos da Bolívia e do Equador fizeram-os recuar por um instante, mas o Paraguai parecia encaixar-se perfeitamente na definição desejada.

Em 23 de março de 2009, lemos num telegrama aberto pelo WikiLeaks, enviado pelo Embaixador dos EUA em Assunção, Michael J. Fitzpatrick, ao Departamento de Estado de sua nação:

“Rumores indicam que o general Lino Oviedo e o ex-presidente Nicanor Duarte estão trabalhando juntos para assumir o poder por meio de instrumentos (predominantemente) legais que deverão afetar o presidente Lugo nos próximos meses. O objetivo: capitalizar sobre qualquer tropeço de Lugo para iniciar o processo político no Congresso, impedir Lugo e assegurar sua supremacia política (...) A revolta relacionada a um programa de subsídios para agricultores por meio de ONGs foi considerada um pretexto para o impeachment antes que Lugo abandonasse o programa. Para um presidente que enfrenta muitos desafios – disputas políticas internas, corrupção e a percepção de que seu estilo de liderança é ineficiente – Lugo deve se preocupar para não cometer um erro, que seria seu último.”

E realmente: o último "erro" cometido por Lugo parece não ter sido provocado por ele. Uma semana antes, um conflito entre agriculltores e camponeses sem-terra tranformou-se num massacre, com um saldo de mortos de 6 policiais e 15 camponeses, e forneceu à opoosição ruralista um prato cheio para conduzir o "golpe de misericórdia" que todos assistimos anteontem.

Hoje, chegam notícias de tentativas de desestabilizar mais uma vez o governo de Evo Morales, na Bolívia, mais uma vez, por meio da Polícia Militar.

Um plano de desestabilizção continental parece requerer uma resposta mobilizadora continental por parte dos povos.

Para ler a íntegra do editorial "Um Círculo de Fogo sobre a América Latina".
                                                         e "O Círculo de Fogo se fecha sobre a América Latina".

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