Friday, June 29, 2012

Os Estados Unidos e a Síria: Fatos que você deveria conhecer


por Joyce Chediac para o GlobalReasearch. Traduzido por Vinícius C. para O Batalha de Ideias.

O cronograma a seguir analisa a progressão da intervenção dos EEUU-OTAN na Síria e neutraliza a Grande Mentira na mídia corporativa que visa preparar a agressão militar imperialista aberta contra o povo sírio.

● Washington tem canalizado dinheiro para um grupo de oposição de direita da Síria, pelo menos desde 2005. (Washington Post, 16 de abril de 2011)

● Os EEUU reabriram sua embaixada em Damasco em janeiro de 2011 depois de seis anos. Isso não era degelo nas relações. O novo embaixador, Robert S. Ford, que trabalhou até outubro de 2011, é um protegido de John Negroponte, que organizou os esquadrões da morte em El Salvador na década de 1970 e no Iraque, enquanto embaixador lá em 2004-05. Aqueles esquadrões da morte mataram dezenas de milhares. Ford serviu diretamente abaixo de Negroponte na Embaixada dos EEUU em Bagdá.

● Ford "desempenhou um papel central na definição das bases na Síria, bem como estabeleceu contatos com grupos da oposição". Dois meses depois de chegar a Damasco, a insurgência armada começou. (Global Research, 28 de maio)

● A oposição armada a Bashar al-Assad começou em março de 2011, em Daraa, uma pequena cidade na fronteira com a Jordânia. Movimentos de protesto em massa começam geralmente em grandes centros populacionais. Mais tarde, a Arábia Saudita admitiu o envio de armas para a oposição através da Jordânia. (RT, 13 de março)

● Os EEUU e seus aliados da OTAN usaram os protestos populares no Egito, Síria e em outros lugares como uma cobertura para construir o apoio para insurgências de direita cujo objetivo não era ajudar o povo sírio, mas trazer a Síria para o campo pró-imperialista. Quaisquer excessos ou erros por parte do governo Assad não eram o problema real.

● A Liga Árabe, União Europeia e os EEUU começam a imposição de sanções econômicas, uma forma de guerra, contra a Síria em novembro de 2011, sob o pretexto de parar a violência sancionada pelo Estado contra os manifestantes. A intensificação das sanções e o congelamento de ativos sírios fez com que o valor da libra síria caísse em 50 por cento contra o dólar, com o custo dos artigos de primeira necessidade muitas vezes triplicando.

● Os exilados que receberam financiamento dos EEUU tornaram-se parte do Conselho Nacional da Síria. Burhan Ghalioun do Conselho Nacional Sírio disse que iria abrir a Síria para o Ocidente, terminar o relacionamento estratégico do país com o Irã (e com a resistência libanesa e palestina), e realinhar a Síria com os regimes árabes reacionários do Golfo. (Wall Street Journal, 2 de dezembro de 2011)

EEUU e OTAN escalam seu envolvimento

● O ex-agente da CIA Philip Giraldi admitiu que os EEUU estavam envolvidos na Síria e expôs o plano dos EEUU: "A OTAN já está clandestinamente envolvida no conflito da Síria, com a Turquia à frente como ‘procuradora’ dos EEUU. O ministro das Relações Exteriores de Ancara, Ahmet Davitoglu, admitiu abertamente que seu país está preparado para invadir logo que haja um acordo entre os aliados ocidentais a fazê-lo. A intervenção seria baseada em princípios humanitários, para defender a população civil com base na "responsabilidade de proteger", doutrina que foi invocada para justificar a invasão à Líbia. "(Theamericanconservative.com, 19 de dezembro de 2011)

● Giraldi continuou: "Aviões de guerra sem identificação da OTAN estão chegando às bases militares turcas próximas ... à fronteira com a Síria, entregando as armas dos arsenais do falecido Muammar Gaddafi, bem como voluntários do Conselho Nacional de Transição da Líbia que tenham experiência em atiçar voluntários locais contra soldados treinados. ... Franceses e britânicos formadores das forças especiais estão no terreno, ajudando os rebeldes sírios enquanto os responsáveis por operações especiais da CIA e dos EEUU estão fornecendo equipamentos de comunicação e inteligência. ...

● "O frequentemente citado relatório das Nações Unidas que atesta que mais de 3.500 civis foram mortos por soldados de Assad é baseado principalmente em fontes rebeldes e não é confirmado. Da mesma forma, as contas das deserções em massa do Exército sírio e batalhas campais entre desertores e soldados leais parecem ser uma invenção, com poucas deserções confirmadas de forma independente. As alegações do governo sírio de que está sendo atacado por rebeldes armados, treinados e financiados por governos estrangeiros são mais verdadeiras do que falsas. "

● O "Exército Sírio Livre" tem bases de retaguarda na Turquia, é financiado pela Arábia Saudita e pelo Qatar, e é composto de soldados sírios desertores. Spiegel Online menciona uma fonte em Beirute que alega ter visto "'centenas de combatentes estrangeiros que se uniram para o ESL." (15 fev)

● A comissão de inquérito estabelecida pelas Nações Unidas, no seu relatório de fevereiro de 2012 documentou tortura, captura de reféns e execuções de membros armados da oposição.

● O primeiro combate pesado na capital da Síria, Damasco, iniciou em março. Dutos foram explodidos e grandes explosões destruíram edifícios de inteligência e de segurança em áreas cristãs a 16 de março, matando pelo menos 27 pessoas. O governo sírio expôs depois que as investidas terroristas apoiadas do exterior foram responsáveis ​​por oito ataques com carros-bomba desde dezembro, matando 328 e ferindo 657. Isso recebeu pouca atenção da mídia ocidental.

● A Human Rights Watch em 20 de março acusou opositores sírios armados de "seqüestros, uso de tortura e execuções ... de membros das forças de segurança, indivíduos identificados como membros de milícias apoiadas pelo governo e indivíduos identificados como aliados do governo e apoiadores."

● No bairro Amr Baba de Homs, a oposição armada formou suas próprias leis, tribunais e esquadrões da morte, segundo a Spiegel Online. Abu Rami, um comandante da oposição em Baba Amr, entrevistado pelo Spiegel, disseque na cidade de Homs seu grupo executou entre 200 e 250 pessoas. (29 de março)

Entra a ONU

● O ex-Secretário Geral da ONU Kofi Annan foi para a Síria em março a pedido da Liga Árabe e das Nações Unidas para montar uma proposta de paz. Mas Annan e a ONU não são imparciais. Annan é um dos arquitetos da doutrina "responsabilidade de proteger", citada pelo ex-agente da CIA Giraldi como pretexto para a intervenção planejada na Síria. A ONU aprovou esta doutrina no mandato de Annan.

● Em 2004, Annan deu a aprovação da ONU para a intervenção dos EEUU, França e Canadá que depôs o presidente do Haiti Jean-Bertrand Aristide. As razões expostas por Annan foram as mesmas então das colocadas agora na Síria: impedir uma suposta "catástrofe humanitária". Annan proporcionou uma cobertura da ONU similar para a França reforçar a sua presença colonial na Costa do Marfim em 2006. Na Síria, as solicitações de Annan para um cessar-fogo do governo sírio e para uma ajuda "humanitária" externa são realmente justificavas para uma intervenção estrangeira.

● A Síria concordou com o cessar-fogo mediado por Annan a 27 de março. A oposição recusou. Enquanto os chefes de Estado ocidentais e os meios de comunicação corporativos amontoados culpam Assad de "não honrar" o cessar-fogo, o Ocidente continuou armando a oposição.

● O que o governo dos EEUU realmente pensava do cessar-fogo foi revelado por Robert Grenier, ex-diretor de contra-terrorismo do CIA Center, que convidou aqueles que querem "ajudar" a Síria "para subirem metaforicamente no ringue e sujarem-se", acrescentando: "o que tal situação não precisa é de sentimentos nobres, mas ajuda eficaz e letal." (Al Jazeera, 29 de março)

● No momento em que os imperialistas "subiram no ringue", eles continuaram a culpar Assad. Falando numa reunião do grupo anti-Assad "Amigos da Síria" em Istambul, a 01 de abril, a secretária de Estado dos EEUU, Hillary Rodham Clinton, disse que Assad tinha "manchado" o cessar-fogo. Ela disse para Damasco, unilateralmente, parar de lutar e retirar-se das áreas de pesada infiltração direitista. Ela disse que os EEUU prometeram pelo menos US $ 25 milhões em ajuda "não letal" para a oposição síria, que inclui equipamentos de comunicação por satélite.

● Em maio, os reacionários "começaram a receber significativamente mais e melhores armas... pagas pelos países do Golfo Pérsico e coordenadas ... pelos EEUU" (Washington Post, 15 de maio) "Os rebeldes sírios receberam suas primeiras armas anti-tanques de "terceira geração". Elas foram fornecidas por agências de inteligência sauditas e catarianas depois de uma mensagem secreta do presidente Barack Obama. " (Debkafile.com, 22 de maio)

O massacre de Houla

● Logo antes de uma visita agendada para a Síria por Annan, surgiram notícias de um horrível massacre de 108 pessoas em Houla a 25 de maio, que incluía famílias inteiras e até 48 crianças. Manchetes em todo o mundo culparam o governo sírio e todas as capitais ocidentais reivindicaram a intensificação das sanções e mais pressão internacional sobre Assad.

● No dia 27 de maio, os imperialistas haviam coordenado a sua "indignação internacional" e expulsaram os diplomatas sírios dos EEUU, Holanda, Austrália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bulgária e Canadá.

● O Conselho de Segurança da ONU reagiu ao massacre por unanimidade - sem qualquer investigação a respeito de quem foi o responsável - condenando a Síria por supostamente usar tanques e artilharia depois de acordar um cessar-fogo. As declarações de que o governo Assad não era responsável foram ignoradas. Um olhar mais atento mostrou que era este o caso.

● Marat Musin, correspondente da ANNA News russa, estava em Houla e entrevistou testemunhas logo depois do massacre. Musin determinou que o massacre foi cometido pelo chamado Exército sírio livre e não pelas forças de Assad. O seu levantamento concluiu: "O ataque foi realizado por uma unidade de combatentes armados de Rastan, no qual mais de 700 homens armados estavam envolvidos. Eles mantiveram a cidade sob seu controle e começaram uma ação de limpeza contra famílias legalistas [pró-Assad], incluindo idosos, mulheres e crianças. Os mortos foram apresentados ... à ONU e à "comunidade internacional" como vítimas do exército sírio. "(31 de maio) O jornal conservador alemão, o Frankfurter Allgemeine Zeitung, corroborou o relato da ANNA no dia 7 de junho.

 ● Os moradores conheciam muitos dos assassinos pelo nome e identificaram-nos como elementos criminosos locais que trabalham agora para o ESL. (Síria News, 31 de maio) As forças anti-Assad então posaram como moradores e convidaram os observadores da ONU. Alguns puseram uniformes dos soldados sírios que haviam sido mortos e se apresentaram como desertores.

● Uma foto amplamente divulgada de dezenas de corpos envoltos, que a BBC apresentou primeiramente como um rescaldo de Houla, foi realmente tirada pelo fotógrafo Marco di Lauro no Iraque em março de 2003.

● O editor da BBC World News Jon Williams admitiu em seu blog a 07 de junho que não havia qualquer evidência que identificasse tanto o Exército sírio quanto as milícias alauitas como os autores do massacre de 25 de maio. O repórter sênior Alex Thomson do Canal 4 britânico disse a 7 de junho que a oposição o levou a uma linha de fogo e tentou tirá-lo de lá morto pelas forças militares sírias de modo a "ficar mal" para Assad.

● Não houve investigação independente sobre Houla até a data, ainda que numa reunião a 7 de junho, Annan e o atual secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, voltou a fazer declarações colocando a responsabilidade em Assad pelo massacre de Houla.

● O Major Geral Robert Mood, chefe da Missão de Supervisão da ONU na Síria, suspendeu patrulhas da equipe de 300 membros a 16 de junho, alegando uma "espiral de violência em áreas rebeldes." A suspensão ocorreu logo antes da Cúpula do G-20 no México, fornecendo outra oportunidade para o imperialismo criticar Assad.

● Em declarações iniciais, Annan chamou o massacre de Houla de "ponto de inflexão". As mortes em Houla têm sido utilizadas pelos EEUU e pela OTAN para a organização de uma derrubada de Assad mais agressiva e aberta. Autoridades norte-americanas e oficiais de inteligência árabes admitiram que a CIA está no sul da Turquia canalizando armas para o ESL. Ele também está lá para "fazer novas pesquisas e recrutar pessoas." (New York Times, 21 de junho)

● Como resultado, "as milícias outrora heterogêneas da oposição síria estão se transformando numa força de combate mais eficaz com a ajuda de uma rede cada vez mais sofisticada de ativistas aqui no sul da Turquia, que tem contrabandeado recursos cruciais pela fronteira, incluindo armas, equipamentos de comunicação, hospitais de campanha e até mesmo os salários dos soldados que desertaram. A rede reflete um esforço para forjar um movimento de oposição ... que pode não somente derrotar ... Assad, mas também substituir o seu governo. "(New York Times, 26 de junho)

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