Monday, May 30, 2016

A Operação Lava Jato versus Estratégia Nacional de Defesa

Criada em 2011, a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT) estava desenvolvendo vários projetos e soluções inovadoras para a autonomia tecnológica brasileira e das Forças Armadas. Os projetos, tecnologias e produtos de alta complexidade eram tanto para uso militar como civil. A Odebrecht Defesa e Tecnologia estava atuando nos seguintes mercados de defesa militar, com possibilidade de uso civil:

1 - Embarcações e monitoramento oceânico: por meio do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, a Odebrecht Defesa e Tecnologia, em parceria com a francesa DCNS, está produzindo o primeiro submarino com propulsão nuclear do Brasil.

Dentro das inovações totalmente nacionais se encontram o Sistema de Propulsão Nacional e o Reator Nuclear desenvolvido pela Marinha. Este Reator deverá possuir capacidade para gerar 50 MW (Mega Watts) e ter vida útil de 5 anos, o que possibilita dar várias voltas ao mundo sem reabastecimento.

2 - Armamentos inteligentes: armamentos totalmente nacionais, sob o desenvolvimento da Mectron, que possuem sistema de busca integrado e alta capacidade de detecção e rastreio de alvos. Destacam-se o MAA-1, MAA-1B, MAN-SUP, MAR-1 e o TP-1 (este, em parceria com a alemã Atlas).

O MAA-1, Míssil Ar-Ar de Curto Alcance, 3ª geração, é utilizado em combates aéreos do tipo “fire and forget” (que não precisa ser guiado pelo lançador, daí o “dispara e esqueça”), que utiliza detecção passiva infravermelha dos alvos. Produto com vários lotes já entregues à Força Aérea Brasileira, é o único míssil ar-ar totalmente integrado ao Supertucano ALX.

O MAA-1B, Míssil Ar-Ar de Curto Alcance e 4ª geração, é uma evolução do MAA-1, possuindo capacidade de contra-contramedidas eletrônicas, maior ângulo de visada e maior manobrabilidade. Seu projeto foi iniciado ainda na década de 1980 e, sob o controle da Mectron, finalmente foi totalmente desenvolvido. Foi projetado especialmente para países em desenvolvimento, pois pode ser utilizado em qualquer caça mais antigo e de baixo custo4.

O MAN-SUP, Míssil Superfície-Superfície, é utilizado em combates navais em mar aberto. Utiliza guiagem ativa a radar, trajetória “sea skimming” e possui características e performance semelhantes ao EXOCET MM-40. Seu desenvolvimento iniciou em dezembro de 2011. Está programado para o segundo semestre de 2016 o seu lançamento de qualificação.

O MAR-1, Míssil Ar-Superfície, antirradiação, é utilizado em missões de supressão da defesa antiaérea inimiga, tendo como alvos radares de superfície, e concebido para o moderno cenário de guerra eletrônica. Vinte unidades foram disparadas no Brasil e oito no Paquistão.

O TP-1, Torpedo Pesado, é parte dos objetivos estratégicos da Marinha do Brasil para assegurar a proteção da Amazônia Azul, por meio do programa do Torpedo Pesado Nacional em escala reduzida (TPNer). Este projeto está sendo desenvolvido em parceria com a alemã Atlas Elektronik.

3 - Sistemas de comunicação: sistemas como LINK BR-2 e RDS garantem a segurança da informação em comunicações estratégicas nacionais que requerem sigilo e confiabilidade. De nada adianta possuir mísseis de longo alcance e teleguiados sem um sistema confiável e totalmente nacional de comunicação entre o centro de comando e os caças.

O LINK BR-2 consiste no desenvolvimento e implantação de um Sistema de Comunicação Segura por Enlace de Dados (Data Link) para uso militar em teatros operacionais, com criptografia de dados, voz e imagens. É implementado através da instalação de EDL (Estações de Data Link) em diversos tipos de plataformas aéreas, marítimas e terrestres, incluindo aeronaves de combate, aeronaves de alerta antecipado e controle (AEW&C), planejamento, gerenciamento, entre outras. Desenvolvido pela Mectron, o Link BR-2 será o sistema padrão para orientação de caças para a FAB6.

O RDS (Rádio Definido por Software de Defesa) é coordenado pelo CTEx (Centro Tecnológico do Exército Brasileiro) que integra o Projeto Estratégico de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro, visando a interoperabilidade da comunicação entre as Forças Armadas brasileiras.

4 - Radares: o produto projetado para a aeronave AMX, da Força Aérea Brasileira, é utilizado como o principal sensor de seu subsistema de armamento, detectando e rastreando alvos marítimos, terrestres e aéreos. É resultante de um programa binacional viabilizado através da parceria entre a Mectron e a empresa italiana Selex.

A ODT atua com os projetos acima junto à Estratégia Nacional de Defesa (END) do Estado Brasileiro para modernização e reestruturação da indústria de defesa nacional por meio de 3 empresas: Mectron, ICN e CBS. Com a prisão “preventiva” de Marcelo Odebrecht pelo “juiz” federal Sergio Moro como parte da Operação Lava Jato, todos estes projetos da Odebrecht começaram a ser atrasados, paralisados ou mesmo cancelados.

Mectron – Sediada em São José dos Campos, a empresa foi adquirida pela ODT em 2010. É especializada no desenvolvimento de produtos de alta tecnologia e sistemas complexos para uso militar e civil. Até o início deste ano, ela era 100% da Odebrecht Defesa e Tecnologia.

A ODT colocou à venda 40% da Mectron para que possa dar continuidade aos projetos dos armamentos inteligentes de tecnologia nacional. Está vendendo 40% para atender a legislação de empresa de estratégia de defesa, que a obrigada a manter 60% de capital nacional.

ICN (Itaguaí Construções Navais) – Responsável pela construção de quatro submarinos de propulsão convencional e um submarino de propulsão nuclear do Programa Nacional de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) para a Marinha. Este programa foi firmando entre Brasil e França no final de 2008. A ICN é composta pela Odebrecht, com 59%, DCNS (Direction des Constructions Navales et Services), com 41%.

O primeiro submarino convencional deveria ser entregue em janeiro de 2016. Devido aos atrasos de pagamento por parte do governo em consequência da intervenção da Operação Lava Jato, só deverá ficar pronto em 2018, sem mês definido. Um atraso de pelo menos 2 anos. A previsão inicial de entrega do submarino nuclear era para 2025, mas também sofrerá forte atraso. O Comando da Marinha informou que o ritmo das obras do estaleiro e da base naval de Itaguaí foi reduzido, no ano de 2015, em 40%.

CBS (Consórcio Baia de Sepetiba) – Responsável pelo apoio à Marinha do Brasil no planejamento, coordenação, gestão e administração das interfaces do PROSUB. É composta pela Odebrecht (50%) e DCNS Group (50%). Sofre os mesmos problemas que afetam a ICN.

RF

1 Conforme informações no site: http://odebrecht.com/pt-br/negocios/nossos-negocios/defesa-e-ecnologia

2 Revista digital Defesa Aérea & Naval, de 07/12/2012, in http://www.defesaaereanaval.com.br/submarino-nuclear-brasileiro-alvaro-alberto-sn-10

3 Conforme informações no site: http://www.odebrechtdefesa.com

4 Apresentação da Mectron na Feria Internacional del Aire y del Espacio (FIDAE), em Santiago do Chile, pela Associação Brasileira de Indústrias de Material de Defesa (ABINDE).

5 Apresentação da Mectron na Feria Internacional del Aire y del Espacio (FIDAE), em Santiago do Chile, pela Associação Brasileira de Indústrias de Material de Defesa (ABINDE).

6 Revista digital Defesa Aérea & Naval, de 17/11/2014, in http://www.defesaaereanaval.com.br/braco-da-odebrecht-cria-sistema-de-orientacao-de-cacas-para-a-fab

7 Conforme informações no site: http://www.odebrechtdefesa.com

Agência INVERTA

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